quinta-feira, 1 de setembro de 2022

em decadência de decrepitude acentuada

em decadência de decrepitude acentuada
na insanidade senil arvorada
com os excessos do álcool inveterado
às escondidas
e a exalar à inhaca do bodun
dos banhos mal tomados
o bafo de onça de baixio de boca
mal lavada
e de hálito de loca
de sepultura
ou campa aberta
onde cadáver em adiantado estado
de decomposição abandonado
em praça pública
ou em ruela
de beco de favela gueto
de vala de esgotos a céu aberto
de subúrbios de zonas adjacentes
fantasmas onde lamentavelmente
o estado é ausente ao velho
defunto imundo que outrora compunha
poemas
e em tempos idos idoso
declamava poesias com voz troante
dum maiakóvski com uivo agonizante
dum lobo da estepe
ou dum leão a dominar seu território
e jaz irrisório num catre dum dormitório
a incomodar a vida ávido
se a morte não quis por
má companhia o morto vivo
que não dorme por azia na agonia

BH, 01901002021; Publicado: BH, 01⁰0902022.

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