O gato preto saiu das brenhas atravessou a estrada
Subiu no muro embrenhou-se no matagal atrás do
Barranco nenhuma poeira se levantou no caminho o
Vento só movia pedaços de trapos restos de trastes
Tiras de papel velho diversos molambos perdidos
Dos mocambos tudo era madrugada tudo era solidão
Um caos de abandono em meu coração um dia irá
Raiar o dia que a poesia me trará alegria correrei
Menino pelas falésias pradarias voarei passarinho
Nas plataformas dos firmamentos a galopar nuvens
Carruagens de selvagens ventos rebeldes então a
Solidão abandonará meu coração o poema me
Tirará do dilema me vestirá de poeta granfino de
Black tie smoking cartola bengala de castão de
Ouro luvas de pelica fraque jaquetão tudo mais
Que a granfinagem costuma esnobar num poeta
Vilão que para o granfino todo poeta é vilão
Vadio não tem calos nas mãos quando tem
São calos de masturbação os calos dos poetas
São na alma as pedras que o poeta carrega são
Internas das pedreiras dos rochedos
Intransponíveis que nem toda dinamite do mundo
Consegue pulverizar das raras vezes nas quais
O poeta abandonou o sofrimento uma é numa
Madrugada assim solitário noutra é quando
Tece lenços para enxugar as lágrimas dos ventos
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