Vou me fazer menino
Vou me fazer criança
Voltar à minha antiga infância
E caçar passarinhos
Caçar borboletas e tanajuras
Quebrar vidraças
Bater pelada
Nadar nos rios
E tomar banho de chuva
E chupar manga verde
Vou me fazer menino
Vou me fazer moleque
Fumar baganas
Falar palavrão
Falar nome feio
Fazer coisa feia
E dar pedradas
Na cabeça de gente grande
Fazer estilingues
Fazer arapucas
Soltar papagaios
Brincar de pique
Jogar ferrinho
Jogar bolinha de gude
Esconder tesouros
Nos meus esconderijos
Vou me fazer menino
Vou me fazer criança
Voltar à minha antiga infância
E ser uma criança bem levada
E urinar na cama
E fazer pirraça
Olhar debaixo das saias da empregada
Beliscar os traseiros da vizinha
Roubar laranjas da Mariinha
E puxar os cabelos da Neguinha
Botar língua aos soldados
E fogo no matagal
Vou me fazer menino
Vou me fazer criança
Vou me fazer moleque
E viver a vida sem maldade
E sem malícia
E aprontar de tudo que vier na cabeça
Que me torne infantil
E bem pueril
Não tive infância quando criança
Não fui criança quando menino
Não fui moleque na minha infância.
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