Todos veem fantasmas em Ouro Preto,
ateus, agnósticos e hereges,
entre seres quase invisíveis
meditando nos beirais de suas pontes,
sentados a um canto da cozinha,
a ditar receitas a uma colher de pau
que mexe sozinha.
Espectro em noites sombrias,
nesse ponto de fuga de um desenho inacabado,
perco-me perdendo pedaços,
o lápis dá vida às correntes que arrasto.
Em madrugadas absortas,
cão à espera de afago,
procuro por meu rosto nas águas de um riacho
e só encontro sombras
onde supunha haver um sinal, um eflúvio,
e dorme essa alma submersa.
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