sábado, 2 de novembro de 2013

Alexandre Marino, O Cavalo em Chamas.

Um cavalo selvagem,
branco como o assombro,
carrega uma labareda
a atiçar-lhe o lombo.

Mergulha em nevoeiro
onde uma ponte houvera,
pênsil sobre o penhasco
arrimo de corredeiras.

Este cavalo em chamas
galopa entre as brumas
à margem do precipício
por uma trilha sem rumo.

Atravessador de abismos,
o cavalo meio pássaro
enfrenta dor e cansaço
e a inépcia para o voo.

O fogo, essa estrela
cadente de encontro ao rio,
ilumina o cavalo peixe
sobre as águas bravias.

Para enfrentar o mistério,
incêndio no precipício,
resta a luz do homem
entregue à montaria.

Em seu fim e seu início
a vida costura as rotas
nos passos iluminados
em caminhos sem respostas.

Essa assustadora chama
atiça a cavalgada
sobre o rio ignoto
que encanta e ameaça.

O cavalo porta as almas
de peixe, pássaro e fera.
E essa eterna chama,
alimento de quimeras.

Nenhum comentário:

Postar um comentário