Um cavalo selvagem,
branco como o assombro,
carrega uma labareda
a atiçar-lhe o lombo.
Mergulha em nevoeiro
onde uma ponte houvera,
pênsil sobre o penhasco
arrimo de corredeiras.
Este cavalo em chamas
galopa entre as brumas
à margem do precipício
por uma trilha sem rumo.
Atravessador de abismos,
o cavalo meio pássaro
enfrenta dor e cansaço
e a inépcia para o voo.
O fogo, essa estrela
cadente de encontro ao rio,
ilumina o cavalo peixe
sobre as águas bravias.
Para enfrentar o mistério,
incêndio no precipício,
resta a luz do homem
entregue à montaria.
Em seu fim e seu início
a vida costura as rotas
nos passos iluminados
em caminhos sem respostas.
Essa assustadora chama
atiça a cavalgada
sobre o rio ignoto
que encanta e ameaça.
O cavalo porta as almas
de peixe, pássaro e fera.
E essa eterna chama,
alimento de quimeras.
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