Ao traçar duas linhas ascendentes
a partir da base do papel,
o lápis constrói a ladeira
por onde o viajante desce aos infernos.
Perdido no desenho, o viajante
implora ao lápis um destino brando,
uma rota de delícias e sombras,
entre a beleza imóvel do oceano
e as cores mornas dos becos.
O lápis constrói o mundo
sobre a pele do papel,
por onde caminha o viajor,
suicida, peregrino ou eremita,
em direção ao obscuro.
Por mais que se distancie
além do último aceno,
o viajante será sempre prisioneiro
das fronteiras do desenho.
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