sexta-feira, 30 de maio de 2014

Centauro, 1; BH, 02301002012; Publicado: BH, 0300502014.

As letras não empolgam mais aos mortais
As palavras não causam excitações comichões
Muitos preferem engolir as letras ser mudos
Para não pronunciar as palavras
Há muito tempo a literatura a leitura
Deixaram de causar interesses sensações
Sinto uma pena ao ver as letras serem desprezadas
Sem emoções as palavras abandonadas
Como um paranormal
Um portador de mensagem sobrenatural
Uma besta apocalíptica
Persisto onde ninguém mais persiste
Teimo em resistir naquilo do qual
Todos correm para não resistir
Sei que estou errado
Que nado contra a correnteza
Navego contra a maré
Como um salmão a procurar a sobrevivência
Cai na boca do urso
Reconheço que é uma medida que leva ao suicídio
É um ato que deveria estar restrito aos séculos passados
Mas se não houver um bastião
Que seja uma referência
Nem nos museus mais bem adaptados modernos
Veremos vestígios de letras de palavras
Escritos de escrituras
Leituras de literaturas
Dos liceus dos ginásios
Colégios faculdades
Universidades academias de letras
Já desapareceram há muito tempo
Que nostalgia que causam os tempos inflamados
Todo mundo lia todo mundo escrevia
Todo mundo discutia os debates
Shows festivais pegavam fogo
A sociedade a elite a burguesia
Até gostavam de cultura
Hoje o que parece-me
É que com o pior capitalismo
O pior neoliberalismo imperialismo
Todos só gostam agora dos lucros a qualquer custo
Com a eliminação da cultura
Do poder intelectual
Subjugado ao poder do mercado

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