Recolher-me-ei à minha casa
À morada para refletir
Imaginar e afiar a percepção
Recolher-me-ei à minha pedra
Para assentar a cabeça
Divagar bem devagar
Perdido para encontrar a primeira peça
Do mecanismo que rege o organismo
Do equipamento que é o imaginário
Aqui neste exoplaneta escondido no
Mais distante sistema onde o pensamento pode chegar
Finalmente terei privacidade
Aqui neste exoplaneta pedra
Pequeno príncipe
Serei anônimo
Poderei nesta treva eterna ficar incólume
Quem me procurará aqui com incomodações
A querer de mim o que não quero de mim?
Que vastidão obscura
Que escuridão intransponível
Nem a luz é capaz de resistir nesta geração
É aqui que quero pairar para parir meus seres
Que povoarão meus mundos
Não precisarei gritar haja luz
Haja água
Não precisarei gritar nada
Nem à existência
Quem quiser
Mesmo que queir
Não tomará conhecimento do querer
Os diamantes serão infinitas noites
As pérolas luas de planetas inexistentes
Que não conhecem a luz
O ouro é o composto das cinzas dos núcleos apagados
De sóis extintos fundidos
O silêncio tão ensurdecedor
Que nem o primeiro choque registrado entre dois
Aglomerados de galáxias o encobrirá
Serei ou não serei esquecido para ser?
Inexistirei ou não inexistirei para existir em mim?
Terei a paz dos mortos mais densos
A paz sem luz
A paz sem bem
A paz sem mal
A paz sem deuses
A paz sem demônios
A paz sem céus
A paz sem infernos
A paz dum neurônio desobrigado de vibra
Para reverberar em si
Nenhum comentário:
Postar um comentário