segunda-feira, 5 de maio de 2014

Falar mal de morto não vale; BH, 02101202013; Publicado: BH, 050502014.

Falar mal de morto não vale,
Como vaia de bêbado também não vale;
É igual falar mal de ex-mulher,
Papel que homem algum,
Deveria desenvolver;
É igual ao filho falar mal do pai,
Ou falar mal da mãe,
Não vale;
E há quem fala mal de todo mundo
E quando não há mais nada para falar,
Inventa;
E esse deve ser o pior,
O inventor de maledicências alheias;
Havia um político que falava assim:
Amigo meu não tem defeito,
Inimigo se não tiver,
Eu arrumo;
E outro que quando não gostava dalgo
Que algum desafeto escrevia,
Dizia:
Não li e não gostei;
Havia um cara mesmo que eu abominava,
Lambe-botas de generais,
Bajulador da ditadura,
Chamado Heitor Ferreira de Aquino;
Um dia compro um livro de George Orwell,
A Revolução dos Bichos,
E de quem é a tradução?
Do dito coiso Heitor Ferreira de Aquino;
Não li de jeito nenhum
E me desfiz do livro;
Tempos depois,
Minha filha chega com um livro novo em casa,
Justamente o mesmo;
Aproveitei e contei a história,
Mas não a induzi a não lê-lo;
Falem mal,
Mas falem de mim,
Enquanto estou vivo,
Falar mal de morto não vale;
Falem sempre mal
E o dia em que eu fizer o bem,
Não falem,
Calem-se,
Vamos mudar o destino dos besouros.

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