Não paras de escrever nunca?
Não posso
O sol não para de nascer
A luz do sol não para de brilhar
Como posso parar de escrever?
Mas
O que escreves assim tão prolixamente?
Escrevo dum tudo que me vem à mente
Igual a lua vem toda noite
Embriagar aos apaixonados
Há quem goste leia do que escreves?
Inquiridor
Não preocupo-me em saber
Se tenho ledores se tenho quem goste
Do que escrevo
Escrevo é o que basta-me
A chuva quando cai
Cai
Gostemos ou não
A chuva não escolhe a quem agradar
O que pensas em ganhar com esses manuscritos?
Sou ambicioso
Não me contentarei só com a imortalidade
Quero com cada letra uma posteridade
Com cada palavra uma eternidade
Quero mais que o infinito
Nesta simples folha de papel
Para mim mesmo
Não vale um centavo
Não passa dum real furado
Pensas que não sei disso
Sei muito bem pouco importa-me
Para ti
Há quem ouve estrelas
Vê fantasmas
Conversa com mortos
Visita planetas
Vai ao fundo dos mares oceanos
Anda nos subterrâneos
Galopa com os ventos
Reverencia montes morros
Montanhas cordilheiras
Desce aos abismos
Mergulha nos céus
Constrói nos firmamentos
Balelas
Tudo balelas
Não trabalhas não
Para veres se comes se bebes
Mas
Eis aqui a minha comida
Sou a minha comida
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