terça-feira, 24 de junho de 2014

Empresarial Nicolau Jeha, 6; BH, 01001002012; Publicado: BH, 0240602014.

Que fazes tão acocorado cheio de corcovas
Vergado em si com esse papel encardido
Essa velha esferográfica na mão?
Escrevo poemas desfio poesias nestas
Amarrotadas linhas deste papel pardo
Ora ora ora ora o que temos aqui um pária
Das letras um parasita das palavras
É que pensei que fosse algo nobre algo
Elevado reconhecido digno escrever
Sentenças frases versos com algum teor de
Antologia poética és sonhador vil patético
Utópico peripatético onírico um sonâmbulo
Ignóbil quem quererá nos atuais dias deste
Século moderno perder status quo com poesias?
Há alguns que inda gostam de ler por isso
Passo horas a escrever mesmo sem saber o porque
Procuras algo lucrativo uma profissão um
Emprego um trabalho uma firma do sistema
Financeiro uma empresa que gere dinheiro uma
Ocupação com renda monetária é este o meu
Trabalho o meu talho menfigueiral de
Magarefe cortador de pedras lascador de
Lenhas coreógrafo de enredos marítimos
Corvo corcovado se fosse antigamente
Asseguro-te com segurança que serias
Encaminhado à uma casa de custódia por
Vadiagem vagabundagem falta do que fazer
Chocam-me muito as tuas pedradas as tuas
Ofensas distratos a quem apenas compõe o
Que dita o universo não são essas lapidações
Vais para a casa se tiveres saias das vias
Públicas não fiques por aqui a importunares
Com a tua presença os transeuntes paciência
Tolerância têm limites estou quase a
Dar-te uma bordunada com o meu bordão
Sem apelação o poeta fechou-se ainda
Mais em seu casulo o incrédulo coração

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