O índio pescava manso no rio
Cantava para o sol
Cantava para a lua
Enfeitava o seu corpo
Alegrava a sua alma
Com o cauim
Amava a sua mulher
Corria atrás do vento
E corria com o vento
Tudo era livre
Nada lhe custava nada
Era filho da terra
Era filho da mata
A terra lhe dava tudo
A mata escondia seu corpo nu
E o índio vivia
E não corria perigo
E em paz ou na guerra
Mas só entre eles
E de sorriso franco
E com dentes brancos
A pele queimada pelo sol
Nada lhe metia medo
Mas um dia o índio temeu
O rei de todas as feras chegou
E o índio gemeu
Gemeu de dor e de ódio
Ao ver suas mulheres serem seduzidas
E seus irmãos escravizados
E perdeu suas terras
Mas o índio foi mais forte do que o medo
E o índio deu o grito de guerra
Mas os brancos eram muitos
E pouco a pouco
O índio veio a desaparecer
Sem liberdade
Sem canto no peito
E sem peixe no rio
Hoje predomina
O ódio branco do homem
O índio morreu pisoteado
A fera branca comeu sua carne
E tomou o seu sorriso franco.
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