segunda-feira, 2 de março de 2020

"Originais", RJ/1980, É só isso aí mesmo sim senhor meu; Publicado: BH, 020302020.

É só isso aí mesmo sim senhor meu
Não tenho muita coisa para dizer não
Quero somente mentir a agradecer a atenção
Fechar os olhos para toda essa desolação creio
Que nada vai mudar aqui agora mesmo com certeza
Precisamos começar algo de novo em nossa vida
Velha erguer um pedestal para a nossa ferida crônica
Se não queres viver então penso melhor que não vivas
Se não queres amar então penso melhor que não ames
Deixas apenas quem quer viver viver viver viver vim ver
Deixas apenas quem quer amar amar amar amar ar mar
Já estás cansado de saber muito bem que nada posso dar
Nunca lucrei nada com as experiências da minha vida
Tiraram-me todas as oportunidades que me foram oferecidas
Sim senhor meu camarada companheiro de verdade cúmplice
A falsidade impera na mente no coração dos seres durante eras
A falta de amor de respeito de paz de calma tranquilidade
Leva-nos a nos devorar uns aos outros tais canibais famintos
O ódio a violência são o pão nosso de cada dia dá-nos hoje
Não existe um olho sequer claro são na face da face da face
Da face da alface mata tudo engole gulosamente a morte da
Serpente apodrecida fareja o rastro da mosca na estrada da
Via-Láctea atômica adormecida a lua nuclear um dia vai
Explodir acabar com tudo todo nada aí alguém vai ter
Alguma coisa nova para dizer de repente desesperadamente
Mudo aí não vamos mais precisar de começar algo de novo
Em nossas vidas velhas o tudo o todo o nada o novo por si
Sós começarão existirão na inexistência a carne deixará de
Ser carne não será mais flácida plácida plástica não mais se
Cansará se apodrecerá como de costume avida se fará vida
Será vida viverá vida verá que é uma boa vida boa uma vida
Vivida bem que se viu vida na explosão da vivência podes dizer
Que sou um profeta louco faminto doido labirinto antropófago
Doutor meu doutor meu senhor meu amo meu rei carrasco meu
Amor arrancas-me este dente acabas com o meu sofrimento com
A minha dor ouças o meu lamento seu surdo duma figa sem um
Pingo de calor paras essa disgrama essa disgreta essa desgraça
Essa miséria esse lixo olhas para o vácuo vagas devagar a divagar
Na vaga aberta no peito em chagas de sangue coagulado donde foi
Arrancado o coração velho enferrujado sujo de terra pus para que
Mais serviria tão vil febril ardil coração de toco de pau morto? já
Não batia mais nem para marcar o compasso do passo do pássaro
Do passado já não servia mais nem para sentir o frescor duma
Sombra duma árvore frondosa verde preferia a sombra dum poste
De ferro de concreto armado de cimento de aço queria que
Surgisse velhas florestas com edifícios prédios novos luxuosos
Por mais caro bem trabalhado bem acabado bem tratado bem
Bonito que seja um espigão por mais rico moderno vistoso limpo
Perfumado tudo o mais que seja um prédio ou um edifício ou
Uma casa ou um conjunto de apartamentos de muitos andares de
Muitos quartos portas portões janelas tapetes decorações belezas
Nunca terão a natureza a singeleza a influência duma árvore nunca
Terão o valor a raridade a joia duma árvore comum nunca terão uma
Árvore nunca serão uma árvore eles nunca eles nunca eles nunca
(sic) Não se pode nem se deve comparar um edifício novo com uma
Velha árvore natural é até covardia fazer uma coisa dessa com um
Pobre edifício fácil de fazer um edifício não passa dum edifício dum
Prédio duma natureza morta uma árvore será sempre uma árvore será
Sempre sempre sempre sempre será uma árvore para sempre o
Cosmonauta pode conhecer o cosmos o universo inteiros já poluiu a
Lua agora procura outra vítima outra cobaia deixas lá em cima o que
Nasceu lá em cima não mexas não deixas aqui embaixo o que nasceu
Aqui embaixo também não mexas não cada cada no seu devido lugar
De cada cada cada no seu canto sem incomodar nenhum cada escada
Não mexas comigo também não meu irmão meu camarada meu pão
De sal vou poder dizer muito bem para todo mundo que viu claramente
A mentira da verdade os milhões de pulgas que me devoraram vivo cru
Fresco nu podes falar também que presenciaste sem pestanejar piscar
Ciliar a repetição chata das palavras chata que viste os milhões de
Baratas baratões baratinhas ratos ratazanas gabirus camundongos
Moscas mosquitos besouros traças percevejos pulgões chatos carrapatos
Muquiranas muriçocas pernilongos a se apoderar de mim cadáver tirado
A vivo que não passava dum morto defunto a me devorar o corpo a alma
O ser o espírito o pensamento não sobrou nada de mim mesmo não senhor
Não sobrou nem o absurdo nem o absorto nem o abstrato devoraram até o
Meu retrato a minha sombra refletida na parede esburacada do muro da
Quadra a minha silhueta a minha imagem perdidas no fundo do espelho
Fosco sem foco sem luz mais uma vez vou dizer que é só isso aí mesmo
Meu chapa o que vou dizer mais uma vez nada estou cheio de saber que
Achas pouco podes me encher a cara de porradas de socos de murros
Faças da minha face uma pasta de face feita da face da pasta dos teus
Punhos cerrados de chumbo já demonstrei por muito mais de mil vezes
Que não apresento condições técnicas físicas psicológicas de mostrar
Demonstrar apresentar algo fidalgo perco- me desespero-me entrego-me
Desmorono-me minhas pernas ficam bambas minha barriga começa a doer
A bexiga se enche logo de líquido dar vontade de urinar definitivamente
Sou um cubo de gelo em pleno alto mar logo de imediato sou envolvido
Desapareço na imensidão d'água deste mar aqui sou um peixe que não
Sabe nada nem nadar todas as vezes que entro neste imenso mar  morro
Afogado desesperadamente sem parar não consigo de maneira alguma me
Salvar vejo da janela as vidas que passam lá embaixo vejo as vidas que da
Janela não passam tiro um voo suicida até a calçada da morte dura minha
Língua salta da boca cortada entre dentes a gritar que é preciso ser gente ser
Infinito que é preciso ser eternamente eterno universal vejo as folhas as flores
Que caem das árvores os insetos que voam as formigas que andam na terra
Vejo a poeira a levantar o mel a pingar dos favos vejo o pássaro no seu voo
Angelical divinal celestial vejo o maribondo o besouro a abelha a borboleta
Sim sonho senhor não é mentira não sim sonho senhor sonho vejo a borboleta
A borboletar a voar frágil despreocupadamente a plainar a ser levada pelo
Vento da tarde parda de papel marche manchado o calor me parece
Insuportável ofegante ufa a borboleta voa leve transparente entre as
Moléculas moleca transpõe a tarde como se fosse de papel de seda
Pousa com pose na pétala da flor para descansar refletir meditar
Magnificamente magnificat illuminati infinita na eternidade a borboleta
Azul olho sinto vejo beijo acaricio o céu azul o céu é mais azul do que o
Azul do azul do azul vejo os telhados das casas que brilham sob a luz do
Sol um sol cheio de vitaminas vidas preguiças calores sabores ponderas
Pudera penduras na vida dura de quem dera a morte mole traz moleza ao
Bunda mole lisura sorte ouço um piano a tocar ao longe ao norte um avião
Acaba de passar ao sul não tenho pressa ao leste não tenho medo ao oeste
Não tenho mais nada para guardar segredo mão sou covarde nunca fui nem
Quero ser quero é ser feliz muito antes de morrer sem ser feliz descansar
Vivo mesmo sem precisar de morrer para descansar não me interessa mais
Levar a vida que a gente leva aqui ficar louco maluco doido tudo todo não
Ficar feliz nada é preciso que a felicidade habite no coração de cada um de
Todos os seres humanos cada um tem que aprender a procurar a própria
Felicidade evolução a felicidade é fundamental na vida duma pessoa a
Progressão também alguém precisa nos mostrar o caminho da felicidade
Da paz do amor quero ser feliz preciso ser feliz tenho que ser feliz não
Aprendi nunca a saída que leva aos campos da minha felicidade total
Se for para morrer antes de ser feliz ter felicidade depois de morto
Recuso-me antes de mais nada a morrer não revogo nem volto atrás só
Morrerei quando tiver a felicidade completa quando for feliz de verdade
Tiver aprendido tudo que preciso pois é meu cara as palavras são as mesmas
Não existe jeito nem gesto nem trejeito não mudou o que se quis mudar nem
Transformou o que se quis transformar não houve conexão não houve mudança
Nem houve metamorfose totais continuou tudo a mesma coisa velha sem
Novidades não veio o amor não veio o ser feliz nem veio a felicidade almejada
Até agora portanto a morte também não veio sigo a mentir a saber que sou
Apenas mais um idiota desde que nasci sou apenas mais um imbecil ignorante
Despeço-me de ti meu senhor amigo meu ouvido vomito olvido este locutor
Mentiroso vai partir para outra etapa derradeira a esperar um dia poder encontrar
Contigo na infinita infinda pureza do ar natural um dia também ainda vou voltar
Poder falar mais contigo sobre tudo vou conversar mais com o senhor contar
Mais mentiras ainda todo mundo tem uma história uma mentira histórica para
Contar o senhor meu vai poder contar também a tua heroica mentira histórica
Aqui não é preciso falar a verdade basta mentir para refletir resistir à pressão
De não querer existir iludir a vida a morrer a fome não cala a boca do homem
Sem estômago sem a boca do estômago sem intestinos organismos órgãos
Internos externos o homem de fome arrancou os próprios testículos os fritou
Os comeu com farinha farofa farelo vinho cachaça cerveja sangue de sobremesa
Enfiou a unha no reto arrancou pelo ânus a próstata cancerosa fez um churrasco
Bem temperado deu de comer à mulher aos filhos bom homem podre morto
Cheio de germes vírus bactérias bacilos bastões vermes micróbios cheio de
Defuntos de cemitérios nasceste para sofrer agora vomitas tudo o que comeste
Para morrer não és digno desse banquete vais morrer fuzilado no muro das
Lamentações aquele muro escuro que existe atrás da igreja da rua direita
O pelotão de fuzilamento já foi convocado és um homem morto já estás
Condenado vais morrer de olhos podres vendados furados cegos de ódio
Terror só importa agora morrer morrer nunca será a solução sanada
Preparar apontar fogo fogo-fátuo cálido pálido falido fogo fatal sal cal
Cai de cara na cara do chão igual se cai da peneira de catar arroz feijão
Levanta na condição humana de tentar resistir até à última célula
Vil vilão da vila magnética aturdida que abandona a amada querida
Parte em busca desesperadamente além terras além-mares além céus além
Infernos a sonhar sonhos pesadelos imaginações pensamentos imprecações
Minhas palavras não valem uma palavra o meu sim não vale um não meu
Tudo não vale um nada meu todo não vale uma parte o meu ser não vale
Um ser meu eu não vale um mim o meu corpo não vale quanto pesa
Está mais do que na cara que não tem remédio para o meu tédio já
Tentei a cura pela água pela acupuntura também urinaterapia já tentei
Testei por todos os tipos de cura por todos os tipos de remédios vou
Morrer do jeito que nasci do jeito que sou podes deixar que não vou
Querer nem vou mais precisar de mais nenhuma palavra da boca de quem
Quer que seja nem da minha se tivesse nascido poeta ou pensador ou filósofo
Ou escritor uma dessas coisas teria que ser vivo ou morto ou morto ou vivo
Se tivesse tomado uma decisão ao nascer tivesse entrado em ação reagido
Nem meu pai nem minha mãe nem eu sabemos o que foi que nasci não
Sabemos nem se não nasci mesmo ou se sou um fato ou um feto uma sombra
 Ou um sonho ou um boato o certo é que não sabemos de jeito não perco
Perdi muito tempo na vida na morte no dia na noite hoje tento recuperar
 Tardiamente tudo que perdi sei muito bem que por mais corredor veloz que
Seja consiga ser mão conseguirei me alcançar alcançar o tempo recuperar
O que já perdi deixei apodrecer na rua na calçada na lata de lixo que espera
Indiferente pelo lixeiro em frente ao portão da casa as mulheres passam
Nem me olham nem me querem mais o desejo por mim já morreu faz bastante
Tempo mesmo nunca tiveram nem nunca sentiram nada por mim é que sou um
Pobre coitado fico a pensar mil coisas bobas mil coisas idiotas sem fundamentos
A respeito das mulheres encho o saco quando não me aguentam mais enfiam o
Pé na minha bunda mole mandam plantar batatas sinto sofro demasiadamente
Em mim no meu ser todo a falta de inteligência de raciocínio de pensamento de
Coordenação de ideias espírito de consciência de tino de senso de mentalidade 
Viva duma mente forte concreta concisa de meditação de memória de todo o meu
Encéfalo de tudo que corresponde direta ou indiretamente também de tudo que
Esteja ligado ao mecanismo interno externo da minha cabeça cérebro cerebelo
Bulbo o resto do restante da sobra tenho que sair desta fase aguda de inércia de
Inaptidão sair deste modelo de novelo deste emaranhado embaraçado problema
Perder esta preguiça de fazer as coisas de viver de existir preciso tenho que
Aprender aprender aprender aprender o diabo é que morro não aprendo nunca 
Não tem  meio nem inteiro que me façam a aprender mesmo com a minha mãe
A me ensinar digo falo teimo grito repito não tem jeito mesmo não tem não
Não vale a pena tentar de novo não aprendo mesmo não a pedra é mais capaz
Mais inteligente do que sou uma pedra a pedra filosofal fundamental de terra 
De cal a pedra é uma pedra a pedra sabe que é uma pedra que é formada a
Pedra sabe muito bem de que é formada feita sou o que não sei de que sou
Formado de que que sou feito de que que sou? se tivesse seguido o meu
Próprio destino o meu próprio nariz hoje seria igual a essa pedra serviria
Para alguma coisa saberia de tudo seria de tudo aprenderia de tudo de todo
De todos nada para saber de mais nada do que uma pedra viveria amaria teria
Paz união seria o bom ficaria bem se pudesse dormir não sonhar nunca mais
Acordar sair desta letargia desta coceira de lá de dentro da minha cabeça oca
Vazia vaga obscura opaca otatu o cutia opreá escura fechada nebulosa tenebrosa
Horrorosa que mete medo em todos os pensamentos que querem passar por aqui
São afugentados com o inferno mental capetas demônios diabos feiticeiros bruxas
Espíritos malignos que apoderaram-se da cavidade que existe na minha cabeça
Fundida preencheram-na com todo o tipo de imundície sujeira lixo podridão luxo
Luxúria não tenho mais nada para dizer para chorar lamentar não quero mais
Que me mostrem qual é o meu caminho seja reto ou tortuoso o seguirei sozinho
Não quero mais que tracem o meu destino a minha sina a minha saga não quero
Mais saber quem é que sabe de mim do meu eu eu sou eu sou eu quem vai traçar
 O meu destino a minha sina eu sou eu sou eu quem vai saber de mim do meu eu
Que não se envolvam mais na minha vida no meu gosto quem sabe o meu sexo 
Sou eu quem sabe o que eu sou sou eu não preciso mais mesmo de palavra
Alguma de qualquer que seja o mortal morto nem que eu venha a morrer na
Sarjeta a comer os restos da latrina como um filho pródigo nem que venha a
Ser enterrado num esgoto cheio de detrito lama o que mais que penso a partir
De agora só vai interessar a mim tudo que falar a partir de agora só eu quem
Vai ouvir não quero ninguém a me seguir ou a me escutar ou a me ouvir
Não sou nenhum papa ou padre ou pastor ou bispo ou profeta ou louco
Sou só um demente sem dentes sem sementes sem ser gente sem mente
Que não sente não vibra não liga não aquece esquece a única coisa que
Consigo fazer é me afobar desesperadamente a me afobar quando penso
Que o povo continua a morrer de fome o índio brasileiro está entregue às
Mãos de militares ineficientes ou me afobo quando penso que a situação
Vai continuar a mesma que não adianta tentar fazer alguma coisa para tentar
Mudar ou me afobo com todos os problemas que nós temos que enfrentar
O destino dos índios brasileiros tem que sair das mãos desses militares
Corruptos corruptores corrompidos o povo tem que parar de morrer de
Fome de miséria de pobreza chega de tanta desgraça abandono desespero
Morte à míngua é preciso derrubar esses homens que brincam com o poder
Traçam manipulam o destino os interesses do povo da nação esses homens
Que entregam as nossas riquezas as nossas causas para estrangeiros sedentos
De dinheiros divisas ambiciosos orgulhosos egoístas esses homens que só
Visam os interesses próprios dos parentes dos amigos das multinacionais
Dos ricaços dos poderosos que se esquecem das classes menos privilegiadas
Que se esquecem dos oprimidos esses homens precisam ser destituídos dos
Seus cargos poderes esses homens precisam ser encaminhados a um pelotão
De fuzilamento são os verdadeiros traidores da pátria são os verdadeiros
Falsos mentirosos que não querem nem saber do que que é preciso fazer
Ai me afobo com um homem desses se conseguir fechar a minha mão em
Volta do pescoço dum deles a minha mão só sairá com a garganta entre os
Dedos entre as minha unhas firmes iguais garras de leões ai me afobo com
Esse povo humilde submisso que prefere ser escravo a lutar por seus direitos
Por suas vidas liberdades destinos ai me consumo por esse povo ignorante
Cego surdo mudo morto que seja bem-vinda bendita a revolução que vai tirar
Este povo deste mar de lama que vai dar uma vida digna para esta gente chega
De viver esta vida de porco de morar em chiqueiros favelas botar esses bandos
De políticos de ministros de militares para trabalhar chega de levar a vida nas
Mordomias nos aproveitamentos chega de causar a inflação a perdição do povo
Trabalhador brasileiro já não basta a cassação dos nossos direitos das nossas
Liberdades? agora querem nos destruir nos matar de fome de miséria fora
Com esses políticos entreguistas oportunistas fora com esses ditadores
Fora com os generais com os militares fora com os puxa-sacos
É preciso que façamos uma reformulação básica em toda a nossa estrutura
É preciso que acabemos também com as mamatas desses figurões dos seus
Parentes parentas amigos filhos puxa-sacos em geral é preciso que aconteça
Uma revolução urgente neste país das mil maravilhas é preciso que o próprio
Povo trabalhador brasileiro guie o seu destino antes de mais nada é preciso
Remodelar este nosso quadro atual real precisamos nos unir lutar a união traz
Força a luta traz vitória nunca me cansarei de lutar de gritar protestar de
Reclamar nunca me cansarei de falar de denunciar de manifesta de mostrar
Nunca serei cúmplice daqueles que não querem a verdadeira democracia
Nunca estarei do lado dos fortes dos poderosos dos ricos dos maiorais
Nunca apoiarei aqueles que nos negam os nossos verdadeiros direitos de liberdade
Sobrevivência de ser o que bem entender de pensar o que vier em nossas cabeças 
De falar o que sair de nossas bocas das nossas mentes necessitadas presas nunca me
Cansarei nunca desistirei nunca me desanimarei nunca me entregarei nunca me
Acovardarei não posso negar que nunca fui covarde medroso que estaria a mentir
Já fui covarde já fui medroso já corri do pau mas não interessa isso não interessa
Mais o que interessa é que agora estou mais disposto do que nunca a lutar a
Viver até a morrer não sou político nem sou anarquista nem sou candidato a coisa
Alguma o que não gosto é de injustiça social de sofrimento de padecimento do povo
Luto berro grito por que a lutar a berrar a gritar estarei a lutar a berrar a gritar por
Mim mesmo pelo povo trabalhador brasileiro pelos índios também ainda pelas
Prostitutas pelos homossexuais por todo tipo de gente pelos negros pelos brancos
Por todas as lasses camadas mais injustiçadas desta cruel sociedade fascista racista
Discriminatória não sou de chorar nem de prantear nem de soluçar todo mundo
Sabe que choro pranto soluço não resolvem nada sei que já tem gente aí a me achar
Piegas demagogo em demasia mas não sou nada disso não sei que sou um burro
Velho mas antes de ser um burro velho sou um lutador luto mesmo não estou nem
Aí agora não fujo da luta nem corro do pau mais não se a correia tiver de esquentar
As minhas costas estarão prontas apanho me quebro mato-me morro-me não corro
Fico permaneço inalterado subsequente no lugar de sempre em plena luz do sol a
Fazer os meus atos a dar conta deles a me responsabilizar por eles a defendê-los
Com unhas dentes não tenho mais medo por que o medo é ruína perdição o medo
É o descontrole a desorganização a falta de confiança o medo é a morte é a
Humilhação é a submissão a covardia aprendi a refletir a não ter mais medo de
Nada não tem cabimento uma pessoa ter medo das coisas ter medo da vida do
Mundo da morte do destino tudo que nos cerca nos acontece são coisas
Naturais não podemos nos deixar envolver nos prejudicar pelo nosso medo
Quem tem medo não arrisca quem não arrisca não petisca não ganha quem não
Ganha não vence quem não vence não vive quem não vive não arrisca vale a
Pena arriscar porque pela vida vale tudo já que a possibilidade de vida é mínima
Temos que arriscar o máximo o que pode fazer um covarde fraco num mundo
Como este? nada os covardes são os primeiros a cair a ser discriminados pisados
São os primeiros a perder a vida a felicidade a paz antes ser um porco ou um
Cachorro ou um animal irracional qualquer do que ser um medroso covarde
Fraco igual a uma palha antes morrer ou nascer morto do que viver com medo
O medo não existe nem pode existir é preciso banir essa palavra do vocabulário
Dos dicionários livros línguas daqui para a frente não mais tocaremos nessa
Palavra nem a conheceremos mais vamos degenerá-la enterrá-la faço de tudo
Por tudo para tudo do todo por todo para o todo faço do todo por tudo a melhor
Coisa que temos a fazer é enfrentar lutar igual a borboleta enfrenta e luta com
Suas frágeis asas contra as pesadas correntes de ar o vento que a leva a todo
Lugar é preciso que o homem seja pelo menos igual a borboleta é preciso que
O homem aprenda a ter a mesma ambição que tem uma pequenina borboleta
Que nem sabe que vai morrer às vezes vive somente por uma hora faz o que o
Homem não levaria a vida toda para fazer sim a eternidade sou tão pequenininho
Tão mesquinho que não consigo ser igual à borboleta ou uma formiguinha ou
Uma joaninha quero ser pelo menos então igual a uma florzinha bem cheirosa
Não quero ser uma coisa vil feia azeda fedorenta podre horrorosa se não for
Possível ser igual a florzinha cheirosa queria ser pelo menos uma folhinha
Verde duma árvore qualquer nem que seja um espinheiro ou um sabugueiro
Tamarindeiro ou um cacto a caatinga o sertão ao boiadeiro é o meu irmão
Vestido de couro de já berrou corre montado no lombo dos burros dos
Cavalos das éguas das mulas se perdem nos espinheiros saem cheios de
Carrapichos carrapatos rodoleiros os cavalos não os meus irmãos vaqueiros
Verdadeiros heróis dos sertões enquanto nossos irmãos morrem lá nos fundos
Dos sertões mortais nós morremos aqui nesta vida sedentária que levamos
Inutilmente corremos atrás de dinheiro de bebidas de mulheres interesseiras
São festas jantares banquetes recepções coquetéis almoços utópicos mordomias
Atrás de mordomias esbanjações atrás de esbanjações lá no sertão o sertanejo
Campeia para tentar comer arroz com feijão às vezes nem isso come fica só na
Farinha com carne seca é preciso que nós nos conscientizemos de que é necessário
Estabilizar este desequilíbrio socioeconômico educacional cultural uns comem
Vivem outros nem comem nem vivem continuamos todos a falar a pensar mal uns
Dos outros sempre o Brasil não vai para a frente nem progride nem fica em ordem
Em progresso chega de tanto samba de tanto carnaval de tanto futebol é só isso aí
Mesmo sim senhor meu se o senhor quiser acrescentar mais alguma coisa o senhor
Podes acrescentar sei que tenho a mente vazia perco a noção das coisas sei que o
Senhor achas que não tem nada a ver o que falei escrevi aqui pensei projetei tentei
Ser até agora acho que seria bem melhor se o senhor fosses embora o senhor ficas
Aí vou falar falar falar quase sempre não vou pensar muito quando vou falar falar
Mesmo que lesse conhecesse todos os filósofos teóricos teólogos que revolucionaram
A filosofia a religião a teologia as teorias as dialéticas os diálogos tudo o mais
Continuaria a acreditar em Deus a elevar as minhas orações nem que conhecesse
Toda a dialética todas as ideias pensamentos dos grandes célebres homens cérebros
Da humanidade da vida do mundo não poria Deus em segundo plano ou esqueceria
De Deus negaria a sua existência penso que Deus é um fator fundamental na vida de
Cada ser quem negar a existência de Deus não acreditar pode desistir desde de já da
Vida da morte do sul do norte nem que soubesse entendesse todas as ciências se fosse
Um gênio ou o melhor maior mais famoso cientista que existe já existiu não desistiria
Nunca da ideia de que Deus existe é o maior ser entre os seres que existem no universo
No inverso no verso no anverso se um dia vier pensar na ideia que Deus não existe que
Morra imediatamente muito antes de pensar o que quero mais é amar a Deus que me dê
Toda a paz tranquilidade serenidade que existem no Santo Olhar quero que estenda a
Sua mão protetora sobre a minha cabeça me abençoe me ilumine me ampare debaixo
Do seu paternal cuidado guarda-me guia os meus passos também quero que lance
Sobre mim a sua face ilumine meu rosto com a luz do seu olhar faça com que viva
Cada dia mais cada vez melhor mais feliz do que estou a viver agora quero que perdoe
Todos os meus pecados livra-me de todo mal lanço os meus olhos para o alto vejo
Aonde vai o meu olhar ergo os meus olhos para o céu olho para onde vai dar o meu
Olhar se esbarra na barreira desse azul imenso infinito me sinto lá dentro das nuvens
A boiar a flutuar livre de tudo jamais cheguei a ver de perto azul tão intenso tão
Natural do alto da montanha vejo seu olhar azul profundo que me fura o peito igual 
A um punhal em busca do meu coração tem que manter o coração controlado
Equilibrado puro não se pode deixar um coração pendente doente assim bate
Coração bate com amor pureza perfeição bate com muita paz clareza muita
Iluminação afinal de contas para ser puro purificar ser perfeito tens que bater
Para depurar se não batesses não existiria vida o sangue continuaria venoso
Imperfeito deixaria de ser sangue arterial puro seria um sangue impuro um
Sangue venenoso imprestável para os morcegos vampiros bate coração coração
Bate bate sem parar bate até purificar coração danado de bom legal bate sem
Cobrar um centavo mas quando cansar de bater em vão resolver parar para
Descansar podes guardar a viola no saco esticar as canelas das botas podes
Fechar o paletó pagar a promissória vencida chegou a hora do resgate não
Tens saída podes comer capim pela raiz partir desta para uma melhor podes
Estica as canelas bater as botas o coração parou parou tudo que gerou quando
Parar é porque já chega não tem mais jeito não adianta mais nada mesmo agora
É só viver com os anjos os santinhos das coisas que não tenho que mais pedia a
Deus foi inteligência absoluta eficiente rápida no objetivo todo mundo já está
Cansado de saber que não tenho nada e não tenho nada nem dentro 
Nem fora da cabeça sempre pedi a Deus pelas coisas que não tenho sempre vivi a pedir
Que me desse inteligência se tivesse uma inteligência 100% ninguém me segurava não haveria
Barreiras nem problemas no meu caminho venceria todas as batalhas chegaria mais cedo ao
Longe aprenderia tudo que nunca aprendi tudo que nunca vou ter capacidade para aprender
Para efetuar coloco a inteligência acima de qualquer qualidade a inteligência vence a força
A ignorância a fraqueza a inteligência derruba a brutalidade o ódio a raiva o rancor a
Inteligência é a arma a chave a ferramenta a alavanca o caminho não existe nem vai
Existir nunca algo capaz de vencer a inteligência se for para viver sem inteligência sem ser
Inteligente vivo prefiro morrer rapidamente aqui agora neste momento abras a porta do teu
Conhecer do teu intelecto verdadeiro revoluciona a massa cinzenta ponhas a máquina para
Funcionar era isso que queria que Deus me desse não me deu inteligência santa divina
Espiritual celestial divinal sepulcral inteligência a inteligência dos mortos dos vivos dos 
Podres dos feridos dos gatos dos felinos selvagens dos equinos dos caprinos dos ladinos
Assim pararia para pensar ficaria a olhar perdidamente para o perdido perceber a tarde cair
Com toda a lentidão preguiça a ouvir os raros barulhos um martelo a bater ao longe numa construção

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