domingo, 17 de março de 2013

Bertolt Brecht, Refletindo sobre o inferno; BH, 0170302013.


Refletindo, ouço dizer, sobre o inferno 
Meu irmão Shelley achou ser ele um lugar 
Mais ou menos semelhante a Londres. 
Eu que não vivo em Londres, mas em Los Angeles 
Acho, refletindo sobre o inferno, que ele deve 
Assemelhar-se mais ainda a Los Angeles.
Também no inferno 
Existem, não tenho dúvidas, esses jardins luxuriantes 
Com as flores grande como árvores, que naturalmente fenecem 
Sem demora, se não são molhadas com água muito cara.
E mercados de frutas 
Com verdadeiros montes de frutos, no entanto 
Sem cheiro nem sabor. 
E intermináveis filas de carros 
Mais leves que suas próprias sombras, mais rápidos 
Que pensamentos tolos, automóveis reluzentes, nos quais 
Gente rosada, vindo de lugar nenhum, vai a nenhum lugar. 
E casas construídas para pessoas felizes, portanto vazias 
Mesmo quando habitadas. 
Também as casas do inferno não são todas feias. 
Mas a preocupação de serem lançados na rua 
Consome os moradores das mansões não menos que 
Os moradores dos barracos.

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