domingo, 5 de maio de 2013

Não escrevo para a demostração como um jogador de futebol; BH, 01º020602001; Publicado: BH, 050502013.

Não escrevo para a demostração como um jogador de futebol,
Que faz um gol e quer ver e rever e demostrar, por toda 
Mídia e demostrador artificial; ser aquele que demostra
Para os holofotes, parece bobagem, mas escrevo para 
Ser demudado, um mudado no comportamento e não
Ser nunca alterado pela cólera; ou desfigurado pela
Raiva e transtornado pelo rancor, o que escrevo, seja 
Lá o que for, para mim é um demulcente, um medicamento
Que abranda e adoça o meu ser; tenho escrito e dito
E vale o escrito e o escrito é a evolução e a evolução
É ser dendrítico, ramificado como árvore, útil igual
Ao dendro, ao dendron grego; e evoluído é o que vive
Habitualmente nas árvores como o primata dendrobata; e 
Belo é o dendróbio, gênero de orquidáceas de bonitas
Flores; já o inimigo das árvores, já o destruidor de árvores,
Já o dendroclasta, que sofre de dendrofobia e tem
Horror às árvores e prega a dendroclastia, a destruição das 
Árvores, para eles é pouco a fogueira da inquisição, os fornos
Do campo de concentração; e os altos-fornos, e as fornalhas,
E as labaredas, e as fundições; salve, então, o dendrólatra,
O adorador, amigo das árvores; tem respeito ao princípio 
Dendrológico e não faz denegação, não conhece o ato de 
Denegar a proteção, recusa qualquer denegração; mas faz
Contestação com inflamação e indeferimento contra a difamação;
O serrador denegrativo, o dono de serraria, denegridor, é o 
Infamador e o difamador do defensor das árvores e só sabe
Denegrecer a mata e denegrir a floresta e a deixar o mato 
Denegrido na queimada; e o verde enegrecido pelo fogo e o 
Mato fusco pelo fumaça: cuidado com o pretejador da natureza,
Olho seco nele; ele não é dengueiro como o bosque, nem 
Dengoso com a selva, não tem denguice e afetação nas 
Maneiras; e requebro lânguido só o das mãos ao manejar 
Da motosserra; e faceirice só com os que vendem os troncos e
Os galhos das matas mortas e afeminação e derretimento
Pelo dinheiro gerado nos cemitérios das clareiras fatais;
Quem irá denodar o devastador? quem irá cortar o 
Nó da destruição? desatar a fúria e desembaraçar-se contra 
A raiva em nome da aceleração do progresso; o lucro não 
Nego, nego, é denominativo, o dinheiro é próprio para denominar
A vantagem da chantagem; o ganho é a marca, o sinal
Da denotação, o denotador é o que paga; o assinalador
De quem recebe, o indicador de quem vende, o cifrão
É denotativo em cada coração; e denota aos sem razão
E não saem da densidão do vácuo e da espessura da 
Treva e da densidade da ignorância; adeus todo 
Densifoliado, que tem folhas muito juntas e foi comido pelo
Fogo; o teor densimétrico evaporou, adeus, o dentado te 
Mordeu, já não és mais guarnecido e estás agora recortado,
O dentário te rasgou; ficaste sem estabelecimento, sem casa
Especializada, viraste artigo de cirurgião-dentista; adeus,
Denticulado, com seus dentículos e essa quinta letra 
Do alfabeto, e segunda vogal em português, e que exprime
Ideia de adição; e aditiva, e estabelece ideia de ressalva,
Oposição, contraste, e adversativa; adeus, ébano, planta da 
Família das ebanáceas, de madeira muito escura e resistente,
Extraída dessa cor preta e carregada; tudo agora virará 
Ebonite, borracha vulcanizada, empregada como isolante;
E quero ser um ébrio, um bêbado em ebulição transformado,
Transportado dum líquido ao estado gasoso na efervescência
Do cérebro do "ecce homo", eis o homem que jamais será
Ebúrneo, semelhante a marfim; pois, se a nós convenhamos,
Para que amarmos tudo que temos, se tudo que temos não 
Nos ama; ser expansivo, é até justo, cordial é até obrigação,
Lembrar o que há efusão ainda vai, ser um efusivo alegre;
Mas, só para recordar, uma cadeira velha de balanço, expõe
Mais manifestação do que nós; há mais expansão num
Quarto sombrio do que em nós, com o nosso vão derramamento
De ilusão; um efó, guisado de camarões e ervas, temperado
Com azeite-de-dendê e pimenta, causa mais impressão do que 
Um homem medíocre com ar de imbecil; quem não tem
Emanação própria pode ser perdoado, quem não tem o fluido
Sutil que emana dos corpos organizados, já está perdoado;
A culpa não é dele se não nasceu eflúvio, e não seremos
Nós que o daremos luz; não seremos nós que faremos emanar
Dele algum tipo de luz; pois quem dá a luz a cego é Santa Luzia, e
Só Deus poderá fazer irradiar dalgum ponto dele uma efluência;
Já quem nasceu para efluir, o começar a florescer é natural,
Tarda a eflorescer, mas a eflorescência vem; com qualidade
Do que floresce igual à formação ou o aparecimento duma flor;
Não quero uma efígie de poder, não quero ter a minha 
Imagem ou a figura de minha pessoa sem eficiência;
Preciso cada vez mais da eficácia, da ação e da força
Inteligente para produzir um efeito; preciso mostrar que  
Sou eficiente, e que o que faço com minha inteligência 
Dá bom resultado; não ser eficaz seria o meu suicídio, e 
Persigo a perfeição de realizar uma única obra-prima;
Pretendo executar pelo menos uma obra de arte e efetivar
Alguma coisa no mundo das belas artes; alguma força
Superior precisa levar-me a efetuar algo que possa assim
Impedir o meu obscurecimento intelectual e moral; a contar 
Apenas com a efetivação do meu coração e a efetuação mental;
Espero que seja bastante real e positivo, permanente como
Aquilo que existe de fato, efetivo e com quantidade igual
Ao número de soldados duma corporação; quero deixar
Claro e com efetividade que ainda não atingi o cume;
Muito ainda tenho que efetiver para efervescer, tornar meu
Cérebro efervescente de ideias, com efervescência de ideal; será
O meu entrar em ebulição intelectual total tal a dum líquido
Pela evaporação de qualquer gás; sinto falta de fervura e
De agitação e comoção eferente, que tira e conduz de dentro
Para fora só o que for útil, bom e não efêmero; o que
Dura pouco não, o transitório é efeméride, notícia
Diária, com a efemeridade dum boato; e procuro resultado
De consequência lógica; e quero fim e destino, sensação em
Combinação com o modo especial de impelir uma bola,
Fazê-la descrever uma trajetória curva, ou irregular, e
Morrer no fundo das redes; efetivamente a resultar em gol, e
Realmente a causar a alegria da galera; este é o meu sonho,
Desde os meus tempos idos de efebo, na era de moço, de jovem rapaz;
E com todos os efes e erres a explicar os detalhes do meu gol literário,
Só não quero é o adulcorar da mídia; é o adoçar com açúcar,
Mel ou xarope da crítica compassiva; para quem não gostar,
Mantenho a esperança de poder ser educado, penso que tenho um
Texto ainda educável, educativo e sujeito a uma melhor educação;
Podeis educar-me melhor, e quem sabe, desenvolver e orientar as
Aptidões do indivíduo; podeis domesticar-me, destrar-me, e
Instruir-ma ao ajudar-me; sou um educando a engatinhar,
A receber aberto toda a boa educação, num estabelecimento educandário
Disciplinar; quem será o meu educador? quem será aquele
Que educa espírito e coração? estou disposto a passar por
Qualquer sistema educacional; a adquirir cortesia e civilidade, a
Assimilar o processo pelo qual uma fubção se desenvolve e se
Aperfeiçoa pelo próprio exercício; o ensino para mim é um
Edredon, um cobertor acolchoado, feito originalmente de penugem
E de êider; e fazer um artigo de jornal ou revista, que
Reflete o pensamento e a orientação dos seus dirigentes ,
Como um artigo de fundo; e aprender, então, um editorial, e
Um representar da edição, o editor, a casa editora, e com issa nova
Técnica editorial, nova editoração, poderei profissionalizar-me
E fazer papel de editor, que se responsabiliza pela
Publicação de livros e edita revista; tenho preparado de originais
Neste édito, e edito, com citação judicial e ordem de autoridade;
E parte da lei em que se preceitua algo: editar, publicar, fazer a
Edição dos livros, das revistas, das poesias, dos poemas, das obras, do edital.


Vladimir Maiakovski, A Serguei Iessiênin;
Publicado: BH, 060502013.



Você partiu, 

Como se diz, 
Para o outro mundo.     
Vácuo ... 
Você sobe, 
Entremeado às estrelas.
Nem álcool, nem dinheiro. 
Sóbrio, vôo sem fundo.
Não Iesiênin, 
Não posso fazer troça,
Na boca uma lasca amarga 
- Não a mofa.
“É o vinho”, a critica esbraveja, 
“Se trocasse a bebida pela classe,
Ela lhe daria um norte”.  
E a classe, 
Por acaso, 
Mata a sede com xarope?
Melhor morrer de vodka que de tédio.
Talvez, se houvesse tinta na Inglaterra
Você não cortaria os pulsos.
Os plagiários felizes pedem bis!
Já todo um pelotão em auto-execução!
Para que aumentar 
O rol dos suicidas?
Antes aumentar a produção de tinta!
Por enquanto há escória de sobra.
O tempo é escasso 
– Mãos à obra!
Primeiro é preciso transformar a vida,
Para cantá-la em seguida.
Os tempos estão duros para o artista.
Mas dizei-me, anêmicos e anões,
Os grandes, onde, em que ocasiões,
Escolheram uma estrada batida ?
Para o júbilo o planeta está imaturo,
É preciso arrancar alegria ao futuro.
Nesta vida, morrer não é difícil,
Difícil é a vida e seu ofício.

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