terça-feira, 21 de maio de 2013

O tempo já está a passar e é o meu tempo que está a passar; BH, 0140202000; Publicado: BH, 0210502013.

O tempo já está a passar e é o meu tempo que está a passar
E vejo-me na contingência de continuar na minha peregrinação
Por estes pergaminhos de papiros, que trago de lembrança das
Catacumbas dos faraós do antigo egípcio e suas pirâmides; e
Por sentir que o meu tempo já está a passar, não está mais do
Meu lado e já estou a transpor a barreira do final, tento
Correr atrás do tempo perdido e não verifiquei o perigo em
Que me lancei, sem experiência, sem determinação, sem força
E sem coragem e fé; e até a luz que era a minha alucinação, se
Apagou e me vi nas trevas sombrias, infinitas e bárbaras; e
Cada determinante do meu ser se perdeu, cada componente do
Meu caractere genético entrou em pane, se fundiu e os meus
Cromossomas não foram necessários para a criação dos meus
Neurônios; e até o meu corpo caloso foi gerado deficiente, a
Dificultar-me o relacionamento, o raciocínio e a percepção
Das cisas boas e do bem da vida; não sei me comunicar, não
Sei falar, não sei ver e nem sei ouvir; tomar banho sozinho,
Ou escovar os dentes, não sei entender e nem compreender
E nem sei amar; não tenho paz interior e até pareço um
Energúmeno em crise e em transe devido a quantidade de
Entidades que habitam minha alma e meu espírito; faço uma
Devassa em mim e não encontro vestígio de nada, não
Encontro sobras de restos nenhuns e tento dar de mim, cem
Por cento, porém, como cem por cento de nada é nada, nada
Posso dar de mim; nem as minhas respostas que tento fazer
Com que elas saiam com inteligência, consigo; e nem as
Soluções, que tento encontrar com sabedoria, vêm, caem
No vazio, na canoa furada, no vácuo da imensidão da minha
Inexistência, que o tempo me arrasta; houve uma época, em que
O tempo, a era, a razão, estavam do meu lado e não soube
Acompanhar a oportunidade e me vi totalmente perdido e
Escondido de medo, de covardia e fraqueza, fragilidade e
Inconsciência abstrata e pobre de conteúdo de modernidade,
Contexto e racionalidade; mas, ou minha cabeça vai explodir
Um dia, ou, um dia, minha cabeça vai implodir, alguma coisa
Precisa acontecer, alguma coisa precisa inverter o processo,
Para que possa passar a me considerar, a acreditar em mim
E a me aceitar, e deixar de ficar suspenso por qualquer tolice
E imbecilidade, burrice e asneira, próprias ou alheias; já que
Fui abandonado pelo tempo, meti os pés pelas mãos, me perdi
No mar de erros, de mentiras e de falsidades; cabe a mim, me
Procurar e me estabelecer, impor as condições necessárias e
Aprender a escolher, a separar o joio do trigo e assim evitar
As turbulências, os transtornos, os percalços e tudo mais que
Possa gerar depressões, mal estar e desânimo; e saiba que a
Minha angústia é justamente por não conseguir crescer sozinho
E saiba outra vez, que a minha agonia é a falta de composição,
De definição, a falta de todo e qualquer componente de
Independência, de verdade e de conotação; não tenho a
Contenção verbal, a moderalidade textual e a linguagem linear
E repetitiva já está saturada; e não encontra mais eco, nem
Respaldo, nem no meio literário e nem no meio de material
Impresso, mas continuo na luta, na busca e na saída honrosa;
Continuo na perseverança, na diligência e na criação, na
Criatividade, então é o que se pode chamar de mãe, mãe do
Perseverante, mãe do audaz, do corajoso, que nada o intimida,
Nada o faz tremer e vacilar; e a conseguir segurar um pouco
O meu tempo e a superar os temores que me balançam, me
Sentirei recompensado, realizado e pronto a ser feliz; fora
Isso é só o buraco que quer me engolir, é só o emaranhado
Que cada vez mais se enrosca em mim, se embaraça nas minhas
Pernas, prestes a me fazer cair e tenho que me agarrar em
Qualquer ilusão, tenho que me segurar em qualquer mentira;
E me sustentar assim mesmo e me manter flutuado, em estado
De levitação, hipnotizado, em concentração transcendental, para
Não repetir os mesmos erros, os mesmos defeitos, e falhas, que
Podem por fim definitivo, a todas as vidas valiosas, que deveriam
Ser preservadas; e não ceifadas abruptamente, longe do horizonte,
Distante do sol, da lua, das estrelas e de todos os atros, do
Coração e do peito que poderiam dar o amparo, a guarida, a força
Que faltam e que falham quando pensamos que vencemos, que
Somos vitoriosos; e seguimos avante, apesar das pedras e dos
Espinhos, não podemos é chorar eternamente, clamar e reclamar,
Sem o empenho da luta, sem a batalha e a guerra; o sabor do sangue
Derramado, o gosto do suor, a dor do parto, a dificuldade de quebrar
O elo da corrente, de vencer a fortaleza e transpor todos os portões;
Muros e muralhas que querem nos enterrar aqui no abstrato, na
Insignificância, na inexistência; doer com certeza vai doer e a dor
Não é efêmera, é real, efêmeros somo nós, que não temos e pelo
Menos sei que não tenho, o escrúpulo de dizer que amo, sem a
Ridicularidade da pieguice e a sova da crítica contumaz que destrói
Qualquer obra, por mais clássica e prima que seja e que pensamos
E sabemos reconhecer, até por onde impera a ignorância, a
Falta de vontade, de reciprocidade e atenuante
Lógica contida  na ética que eleva o moral,
A autoestima, a dissipar toda a dúvida, toda
Depressão, sensação de desvario, remorso e peso na
Consciência, frieza na barriga, calafrio na espinha;
O tempo está a passar e é o meu tempo que 
Estou a perder e sem recuperação, a perder e a
Não encontrar a atitude certa, o lugar certo, na hora
Certa, a valorizar e a preocupar com a formação do
Futuro; a preocupar com a composição química
E física, e material, sem no entanto esquecer
A metafísica. a espiritualidade, a filosofia, que
Todos conhecemos e que foi a base de todo tipo
De formação da humanidade; desde quando o
Tempo não passava e o homem só perdia o
Seu tempo com o pensamento, ao tentar desvendar
Os mistérios do universo, das leis, das teorias e
Das teses que compõem tudo que se manifesta
Debaixo do sol, acima do sol, do lado claro da
Lua e do lado escuro da lua; do fundo dos
Mares e do outro fundo que tem debaixo do fundo
De todos os mares, que é o fundo mais profundo
Dos oceanos do mundo; e a maneira de chegar lá é só
Através do tempo, se ele estiver do nosso lado e nós
Não estivermos flagelados em campos de refugiados,
A apodrecer em calabouços, masmorras, a ferros em
Bastilhas, torturados e depois esquecidos sem a alma
Da liberdade que é o maior dom e bem do homem. (1)

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