quinta-feira, 23 de maio de 2013

Quero expor-me ao expor nestas laudas destes fragmentos; BH, 060102000; Publicado: BH, 0230502013.

Quero expor-me ao expor nestas laudas destes fragmentos,
Todo o teor latente da pulsação da veia perdida, que foge
Do meu peito frio, a partir e a zombar, do fundo de dentro
De mim; quero abrir-me ao abrir nestes manuscritos destas
Linhas todas vazias, iguais todos os meus pensamentos; e
Cansei de os ver fugir de mim, como se eu fosse um diabo,
Ou um demônio, ou um vudu e que metesse medo nos
Cristãos, apesar da cruz; cansei de me abominarem e de me
Pisarem e exorcizarem meu ser e amaldiçoarem minha
Alma; não preciso mais que meus pensamentos me
Excomunguem, que falem mal de mim e que me lancem na
Cara o vômito podre dos restos da sociedade viciada e
Dilacerada; e sustentada pelos padrões da elite ignóbil,
Bancada pelos escândalos da burguesia vil; se na luz não
Nos resta mais nada de novo, de novidade e interessante
E moderno, temos então, que buscar nas trevas e na
Escuridão; e é só fecharmos os olhos que elas vão nos
Envolver por completo e infinitamente; pois não saberemos
Como e nem poderemos tirar do nosso interior a escuridão
Avassaladora; enviar o brilho veloz da luz e prendê-lo no
Fundo do nosso íntimo, nas nossas entranhas, permanecer
Nas trevas é muito mais fácil; o difícil é permanecer na luz
E ser iluminado, não conseguir a condição da luz, de
Iluminado, não conseguir a condição de mutante evoluído,
Em todos os átomos que compõem o universo, em todas as
Moléculas que compõem o ar; só essa matéria disforme e
Frágil, flácida e inútil e que não serve nem para esterco de
Terra infrutífera, nem para estorvo de entulho de lixo; e
Mesmo assim nos pensamos maiores do que nós mesmos e
Superiores do que os nossos semelhantes primatas; nos
Pensamos avançados e completos, mesmo com toda a
Mediocridade, toda a obtusidade e opacidade, que a
Humanidade herdou, não sei de quais foram os seres; só sei
Que não foi dos trogloditas, não foi dos homens da caverna;
Pois pelo menos na sobrevivência, eles se superaram a nós;
Só estamos aqui hoje, graças a eles, graças aos competentes
Da pedra lascada, que nos deu a centelha e a obstinação,
A teimosia e a ousadia e a audácia; graças a um pouco dessas
Qualidades que muitos trazemos dentro de nós e que impede
Duma vez a total destruição e ruína da humanidade; não quero
Entregar-me para não dizerem que não quis me integrar e 
Quero mais é me integrar, me integrar ao barro que a chuva deixa,
Integrar-me à lama, aos insetos, ao sol, à lua e à toda natureza
Que ainda não consegui transportar para dentro de mim; quero me
Integrar às estrelas e aos astros que compõem o firmamento e a
Imensidão; morro para não me entregar, entregar é morrer na
Perdição, sem salvação e respostas e soluções, entregar é morrer
Sem desculpa, e sem perdão; é privar de levar ao coração, o que
Por ventura a bem-aventurança venha trazer; pois infelizmente se
Olharem-me em mim, não enxergarão nada e nem encontrarão
Nada, pois, por mais que procure, também, nunca tive a
Capacidade de encontrar em mim, ou não, o algo que seja o elo de
Minha emancipação; pois sou como a musicalidade, sou como a
Música e a melodia, quem não tiver o dom, não adianta, quem não
Nascer com elas, jamais terá a criatividade e a inspiração, que
São necessárias para compor uma bela canção; uma bela estruturação
Sinfônica e melodiosa e que nos traga o conhecimento que não temos
A nascermos do útero da nossa mãe; temos que agir com se
Estivessemos num celeiro de fundo de quintal e o que procuramos é a
Agulha que acabamos de nos perder no palheiro, pois somos esta
Própria agulha que procuramos; somos nós os que nos procuramos
Sem saber e às vezes só nos encontramos aflitos e em frente ao
Espectro do espelho escondido e só nos encontramos numa imagem
Falsa que não nos representa a nossa realidade; não nos lança na cara a
Nossa verdade, ao não nos fazer sair da mentira; e da podridão da ilusão
Da falsidade; e perdemos com pena a própria liberdade perdemos por
Perdidos que somos e não queremos nos notar de dor, não queremos
Nos notar em nós de vergonha e de acanhamento; e nos cobrimos com
Eventos inúteis, nos cobrimos com enfeites vãos e que pensamos que
Nos escondem da vergonha da nossa nudez; a mesma que envergonhou
Adão, a mesma que acanhou Eva, que já estavam nus e não sentiam;
Foi preciso as trevas para que eles enxergassem os corpos um do outro;
Foi preciso a escuridão para notarem que eram um homem e uma mulher;
E descobriram o que descobrimos bem mais tarde, que o pecado
Acompanha o desenvolvimento da humanidade para justificar as matanças
De civis, os extermínios nos campos de refugiados e todas as ações
Transviadas que cometemos em nome duma justiça, duma religião, 
Duma liberdade, ou duma razão; e haja sangue para derramar, haja
Carne humana para ser comida, queimada e destruída; haja seres para
Ser entregues aos que não são saciados com amor, aos que não são
Satisfeitos com a paz, com a vida e a beleza que emana duma gota de
Leite dum peito de mãe, a amamentar a criança nascida; a curar com a
Fé os males da ferida: lavei-me neste banho de exposição, livrei-me dos
Grilhões e das amarras, lancei-me fora de mim nos meus percalços; e
Deixei de ser o histrião e o lauto; deixei de ser o tolo e o estúpido e
Agora sou apenas este fragmento, sou apenas esta lauda de frases, de
Palavras e de letras e pensamentos; sou apenas esta tentativa, espero,
Que seja boa e que traga coisa boa, junto com o belo que corro atrás;
E que a minha lembrança de mim me faz voltar à toda hora ao seio 
Donde almejo e desejo me ver lançado nas graças da felicidade; e
Toda vez que bato no peito e uivo para mim mesmo, que agora
Vou voar e volto ao meu próprio peito; volto à minha vil e
Mesquinha condição, volto ao meu estado fisiológico, volto à minha
Falta de metafísica, de existência e de razões e de noção; e volto ao
Meu estado bruto de matéria, sem ética e sem lógica e sem filosofia,
Estado de morto apenas e de vácuo sórdido; igual eco que bate nas
Paredes das cavernas, aos gritos e uivos como se fossem de morcegos;
Porém não representam a vivacidade, a alegria da voz que o lançou; e
Fica só o efeito determinante que fere o ouvido no quadrante, a iludir o
Cérebro amante, que gosta de ouvir o canto dos oráculos nos seus
Ovantes; lavo as mãos neste sangue derramado, não sou o Pilatos
Histórico e bíblico e lavo as mãos neste sangue venoso, expelido
Deste negro coração doentio; lavo-as estas mãos sujas e decepadas,
Que nada mais podem segurar, que nem um rosto de criança natimorta,
Têm a veleidade de afagar, têm o dom merecedor e acariciar; prendeis
Estas mãos nas algemas, esqueceis-nas nos calabouços da loucura.


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