Minha carne
Quando morrer
Não precisais enterrar-me
Pegueis minha carne
Ponhais num açougue
Se ainda prestar
Deis minha carne
Para quem estiver a passar fome
Distribuais minha carne
Para o mundo inteiro
Para ver se acaba com a fome mundial
Mas se minha carne não prestar
Deixeis que os urubus
Comam os meus restos mortais
Deixeis que os vermes
Tomem conta de tudo
Não fui útil
Não servi para nada
Nem para amar
Nem tive nada
Talvez a minha carne sirva para alguma coisa
Meus ossos para fazer sabão mossoró
Minhas tripas para fazer linguiça
Quando vivo não fiz nada
Talvez morto
Ajude em alguma coisa
Quando morrer
Não precisais enterrar-me
Distribuais minha carne
Deis minha carne
Se prestar
Nenhum comentário:
Postar um comentário