Deixes que as tênias
Se apoderem de mim
Deixes que os vermes da terra
Devorem meu corpo apodrecido
Na face da terra
Na tua face
Não quero ver dor
Deixes que os micróbios me transformem
Em cadáver sem sepultura
Na beirada da vida
Para todo mundo ver
Que um corpo não é nada
Guardes minh'alma
Em teu guarda roupa-roupa
Guardes meu espírito
Em tua gaveta
Não deixes que fiquem a vagar por aí
Iguais a uns vagabundos
Sem nada para fazer
Quanto ao que restar de mim
Jogues na lata de lixo
Pegues meu amor
Rasgues em pedaços
Todas as lembranças ponhas no fogo
Tudo que diz respeito a mim
Tires da face da terra igual a Caim
Deixes que os vermes
Passeiem em meu corpo
Deixes que devorem a minha carne inútil
Até o último pedaço
Deste pedaço de imundície
Que viveu até agora
Mas o tanto que viveu
Não viveu nada
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