quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Como gostaria dum dia; BH, 0280502000; Publicado: BH, 01701102011.

Como gostaria dum dia,
Dar bom gosto à minha vida ferida,
Dar paladar à minh'alma sem sabor
E apaladar infinitamente o meu espírito;
Porém, sou um plebeu e pobre,
Não posso apalacianar minha mente,
Tornar palaciana minha memória,
Sou paupérrimo de cabeça;
Como gostaria duma noite,
Num quarto apalacionado,
Ter a minha Sherazade,
Com modos palacianos e de odalisca,
Para me contar todas as histórias
E apalaçar meus sonhos,
Guardar meu aspecto e forma,
No palácio do sono,
Sono apalaçado e rico,
Onde possa apejar a realidade,
Servir de pajem à verdade,
Já que na vida real,
E só sei adular a falsidade,
Lisonjear a ilusão, com
O mesmo pagiar à mentira;
Não sei ser apaixonável ou
Capaz de apaixonar-me com fé,
Ter um apaixonamento com força,
Que me dê a esperança dum dia,
Mudar toda a alegoria ao
Apaisanar-me sem roupas, ao
Dar-me modos e trajes de paisano,
E sair apaisanado e nu,
Pelado pelo meio das ruas;
Porém, como gostaria de
Meter em paiol o radicalismo, e
Arrecadar louros à felicidade,
E armazenar alegrias para o porvir,
Apaiolar no meu coração,
Todos os princípios da razão.

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