sábado, 19 de novembro de 2011

Nietzsche, Alienação Moral do Gênio; BH, 0181102011.

Pode-se observar numa certa categoria de grande espíritos
Um espetáculo penoso e às vezes assustador: seus momentos
Mais fecundos, seus voos para o alto e para longe não parecem
Estar conformes ao conjunto de sua constituição e com isso a
Ultrapassar de alguma forma ou de outra suas forças, de modo
Que sempre permanece uma deficiência e que dela resulta, com
O tempo, um defeito da máquina, o qual, por sua vez, se traduz,
Em naturezas de tão elevada intelectualidade, em todas as
Espécies de sintomas morais e intelectuais, muito mais regulamente
Do que em matérias físicas.
Esses aspectos incompreensíveis de sua natureza, o que têm de
Temeroso, de vaidoso, de odioso, de invejoso, de constrangido
E de constrangedor, e que se manifesta de repente neles, todo o
Lado excessivamente pessoal e de coação em naturezas como as
De Rousseau e de Shopenhauer, poderia muito bem ser a
Consequência de uma periódica doença do coração: esta,
Contudo, sendo consequência de uma doença nervosa e esta,
Por fim, consequência de...           
Enquanto o gênio habita em nós, somos cheios de intrepidez,
Somos como loucos e pouco ligamos à saúde, à vida e à honra;
Atravessamos o dia com nosso voo mais livres que uma águia e,
Na escuridão, nos sentimos mais seguros que uma coruja.
Mas de repente o gênio nos abandona e logo um temor profundo
Nos invade: não nos compreendemos mais a nós mesmo, sofremos
Com tudo o que não vivemos, é como se estivéssemos no meio de
Rochedos nus diante da tempestade e ao mesmo tempo somos
Como lamentáveis almas de criança que se aterrorizam por qualquer
Ruído e sombra.
 - Três quartos do mal cometidos na terra acontecem por covardia: e
Isso é, antes de tudo, um fenômeno fisiológico!

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