terça-feira, 15 de novembro de 2011

Fernando Pessoa, Dança de fadas; BH, 01501102011.

No círculo feito na erva ao luar,
     Vejo-as dançar.
A um lado e outro no luar que falha
     Vêm e vão,
E a dança que dançam luar espalha
     No meu coração.
Danças pequenas até que a mágoa
     Com um som de água
Marulha contra o meu ser estranho
     E anseia a achar
E a sombra de tudo quanto não tenho
     Me vem afagar
O amor inútil, o sonho morto
     O incerto porto,
A busca estéril das mágoas verdes
     O rio em dor
E fica agora, ao luar na relva
     Da vaga selva,
Meu coração desolado — frio
     Ao luar vazio.

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