sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Não tenho a disposição das flores; BH, 0250502000; Publicado: BH, 01801102011.

Não tenho a disposição das flores,
O arranjo floral das plantas, e
Não tenho a antotaxia com que no
Antorismo, e até perco a
Substituição duma palavra
Por outra que se tem por mais
Enérgica ou mais exata;
Sou mais a queda das flores,
A antoptose primaveril,
Em que há antonomásia
Do adjetivo antonomástico;
Ai de mim, meu Santo Antônio,
Valha-me meu antonino,
Toda a dinastia dos Antônios,
Que sucedeu a dos Césares;
Na dúvida, tento ser um antologista,
Um autor de antologia,
E não passo dum antonídeo,
Um espécime dos insetos dipteros,
Que se assemelham às moscas
E mosquitos domésticos; e aí,
Colocaram-me na camisa de força,
Colocaram-me na solitária, no seguro,
Por ser um antomaníaco,
Que manifesta antomania;
Tenho amor em excesso às flores,
Coisa que até os mortos têm;
E quero no meu velório espicilégio,
Todo o antólogo possível conhecido;
A coleção de hinos da Igreja Grega,
O Tratado das Flores, e coleções
De trechos em prosa e verso;
E o mesmo que o analecto da antologia, o
Florilégio, seleta, crestomatia clássica;
E quanto ao antojador, ignorar; e ao
Antográfico, que causará enjoos no morto,
Antojadiço ao espírito: a antografia;
E ao enjoadiço à alma, o amém na
Linguagem e na descrição das flores.

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