quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Meu bem escrevo como quem morre; BH, 070602000; Publicado: BH, 0201102011.

Meu bem escrevo como quem morre,
Como quem morre afogado, sufocado,
Como quem não sabe nadar, nada e
Como quem não sabe o que escreve;
Escrevo tal herege preste a morrer
Na fogueira da inquisição;
Com poema apenhado,
Do feitio de peanha,
Posto em peanha igual a poesia,
Extraída das vísceras do cadáver;
Meu bem escrevo como quem sofre,
Como quem precisa dum aplanamento,
Um ato de aplanar o terreno erosivo,
Numa aplanação impossível,
Num nivelamento indispensável;
Meu bem qual o aplanador,
O que aplana a dor
E impede que chegue à alma,
Pois preciso me sentir aplanado,
Nivelado no fundo,
Aplainado no íntimo,
Plano no superficial,
Liso na aspereza;
Quero e preciso demonstrar
Ao submundo do mundo imundo
A minha aplanação;
Todo aplanamento necessário,
À felicidade do coração;
Meu bem faça o meu aplainamento,
Tenha em mim todo,
Uma ação de aplainar planalto,
Ao deixá-lo nivelado, meu bem,
Tornado plano e liso, meu amor,
Aplainado todo no meu prazer,
Sobre o teu corpo aplacador;
Meu bem, escrevo assim,
Como quem morre de amor.

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