terça-feira, 1 de novembro de 2011

Quando olho no espelho; BH, 0110602000; Publicado: BH, 01º01102011.

Quando olho no espelho,
O que vejo é a minha penumbra,
A minha sombra tenebrosa,
A silhueta fantasmagórica
Do meu vulto decadente;
De especto inflexível,
Perdido na imagem contrária
A visualizada por Narciso,
No brilho do lago;
E fico ali à margem,
Apinhado de medo,
Aglomerado na minha covardia,
Com o meu amontoado de problemas,
Muito junto dos complexos e dos dogmas,
Que meu ser não sabe como apinchar,
Como jogar fora duma vez ou
Arremessar para bem longe e
Pinchar o mais distante de mim,
Atirar e acertar na mosca fatal;
Tenho que apincelar minhas paredes,
Dar uma mão de tinta ou de cal,
No meu muro, com pincel
Ou com algo que tenha a forma
E que sirva para me disfarçar;
Não quero me encontrar comigo,
No estado em que me encontro,
Apimentado na maldade,
Temperado com a pimenta da ruindade e
Picante na malvadeza,
Excitante para a desgraça;
Malicioso no comportamento,
Preciso apiloar tudo isto,
Bater e socar num pilão,
Fazer farinha e fazer um pão,
O pão que o diabo amassou.

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