deixarei tudo que estiver a fazer
e
sigo o caminho que o sol me iluminar
e
quando a noite chegar não ajuntarei
pedras nas estradas para travesseiro
e
muito menos para cama
e a sonhar
seguirei a senda que o raio da lua
refletir em mim
e no rio que margeia o
jardim
e se a noite não tiver luar não
faz mal
tenho uma estrela guia por
simpatia
e tenho uma constelação por figa
e uma galáxia como trevo da sorte
e
andarei sem medo pelo vale das sombras
e
da morte
e à beira-mar ouvirei o mar que
ouvia
quando era menino na concha de
caramujo
que ficava em cima da mesinha
da
sala da casa da minha tia
e sem saber de
nada descobri a poesia
e nunca mais quis
saber
nem da noite
nem do dia
e passei a
procurar nos poemas esse ruído
que para
mim era dilema
quando me vi pela primeira
vez a me gladiar
com as ondas do mar a
quebrar no meu peito
e nunca mais deixei
de me apaixonar
pelas lágrimas de iemanjá
e minha mãe me chamava
e meu pai me chamava
menino vem estudar mas
o bem-te-vi estava
ali
e o beija-flor parado no ar
e o sabiá
a gorjeiar
e as tamarindeiras da praça
e
os pés de imbus
e as jaqueiras
e os
coqueiros
e os cajueiros
e as palmeiras
e as gameleiras
e as amendoeiras d'ouro
e a chuva que vinha
e as gentes corriam
para a chuva não as pegar
e a meninada
corria para a chuva para se molhar
e
mamãe papai não quero profetizar
e vou é
aprender a poetar
BH, 01401202022; Publicado: BH, 0180102023.
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