segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

não leio mais escrevo menos ainda

não leio mais escrevo menos ainda
e sou o homem que não ler
e li pouco
ou quase nada
e escrever não escrevo mais nada
e nem agradeço de nada
ou quando houver de que
quando alguém vem me agradecer
mas se não faço nada como posso querer
merecer agradecimentos
e crônica poesia prosa verso poema romance
quem faz alguma performance
merece nuance
e não fica a ver naus catarinetas
caravelas pinta santa maria niña
navios fantasmas de pedras portuguesas
e das pedras dos cais dos portos
ou nas pontes detrás dos montes
e segue adiante na linha do horizonte
surfar avante na onda mais saliente
que se espatifa na rocha mais resistente
e a pulveriza em areia ardente
que o vento ajunta
e faz a duna que depois
nem o tempo põe abaixo
e vira um despacho maciço como se fosse
veio de ouro vivo
ou diamante fundido em colisões de universos
ou em impactos galácticos que lançaram
aos infinitos mundos a serem definidos
por civilizações que ainda não existem
como a nossa que ainda não existe na evolução
ou nas que têm a esperança duma revolução
que transforme o homem em criança sempre
em oração a pedir a deus de mãos postas
luz para o coração do homem

BH, 01501202022; Publicado: BH, 0300102023.

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