aquela montanha é minha não preciso
transpô-la
sou aquela pedra no meio do
caminho
não necessito arredá-la do meu
universo
que me pertenece
e autista possessivo possesso
não o divido
com ninguém nem com os deuses
e nem com os anjos
e nem com os demônios
das minhas
adversidades
e detalhes de retalhos
de mim
e das incongruências da minha vida
e das reminisceências da minha morte
e
premonições dos meus sonhos
e dos meus
pesadelos
e do meu destino cruel
e
malgrado meu que malogrado
não sou um bem-aventurado
e não fui bem-vindo à minha aventura que
é
um precipício aberto numa fenda
duma rocha
maciça
ou dum abismo inoxidável debaixo
da ponte
de corda bamba
e de pinguela de
teia de aranha que
oscila na imensidão ó
coração de cordeiro
ponha a cabeça no
cepo
e o carrasco quer descer o machado
ó sombra do que fui outrora na aurora
e
o ocaso me devora nos meus restos mortais
ó estrelas apagadas que
como sou a luz
já é extinta
ó cosmos tão infinito
quanto a minha inexistência
ó palavras
fenecidas
ó vãs esperanças de ter
atenção
do azul do céu azul
onde ter o
que tem esse pássaro que voa
e não se
importa com o que tem
e leva-me minhas
cinzas cativo
e o vento açoita-me
e
dispersa-me como uma relva daninha seca
ou uma palha no redemoinho
ó penugens do
que era
ó harmonia da filarmonia da
sinfonia
dessa orquestra universal que não tive
BH, 0200502019; Publicado: BH, 040102023.
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