pega-se numa folha de papel
e numa caneta
e do nada pingam-se letras na face da folha
e sem se saber donde palavras misteriosas
surgem no rosto do papel
e são linhas indefinidas
ou desconhecidas
e são linhas além das paralelas
e que estão fora do sistema
ou estão fora do universo
e o jovem rebelde entra em febre
e febril brilha mais que a ursa maior
e torna pequeno o aglomerado de constelações
e insignificante o conglomerado de estrelas
através de poesias infinitas
e poemas eternos
e tudo quando se é jovem é hiperbólico
e alucinado
e ansiedade
e desassossego
pois a genialidade pede pressa
e não
para para viver
e depois que passa tudo
torna-se insuportável
e aquela vida
ávida só quer a morte
e quando a morte
demora surgem as lamúrias
e as lamentações
e as melancolias
e as ladainhas em
sussurros
e as orações em cicios
e as
rezas em murmúrios
e o tempo então para
e tudo para
e o jovem agora é um pária
ou um parasita
e não suporta uma letra
e
não levanta uma palavra nem do chão
e
sucumbe moribundo
ou meditabundo no
fundo dum quarto
imundo donde a luz
fugiu
e o ar sumiu
e o frescor juvenil evaporou-se
e só um ardor ardido de aqui jaz um
molambo moleque antes voraz em vida
e com toda a pressa de viver
BH, 0290402019; Publicado: BH, 0230102023.
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