está lá do mesmo jeito
e a gameleira que metia medo
e o muro do cemitério que assustava
e o morro da matriz onde aparecia aparições
e os becos das confusões
e as ruas das putas
e os barrancos dos barracos
e casebres
e barracões
e das casinhas de pau a pique
e sapê
e estava tudo lá no mesmo lugar
sem tirar
nem pôr
e onde morava dona naninha?
e o beiço apontava a direção
e a rudia na cabeça
da equilibrista preta
a equilibrar uma lata d'água
ou um pote
ou uma jarra
ou uma talha
ou uma trouxa de mulher da trouxa
ou bugigangas numa cesta de palha
ou um amarrado de lenhas
ou de varas de taquaras
e todas eram equilibristas
e fuxiqueiras
e faladeiras
e fofoqueiras
a murmurar as vidas alheias
ou o marido
ou o namorado
ou o amante
e o pau rolava no morro da caixa d'água
ou no morro dos velhacos
ou da maria tomba homem
onde é o morro do zig-zag?
e eram facadas pra cá
e pernadas pra lá
e navalhadas na zona
e tiros na noite
e porradas nos botecos
e nas tendinhas
e delegacia
e delegado
e polícias
e todo mundo encarcerado
mulher
e homem tudo amontoado
e o polícia a zombar feito um descarado
BH, 0100802022; Publicado: BH, 090102023.
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