relvas cheias de caracteres rupestres
e rabiscos de paredes de cavernas
e faias fossilizadas
e pegadas de ancestrais
e vestígios de antepassados
e resquícios de antecedentes
e esqueletos
e caveiras
e ossos envelhecidos
e encardidos pelos tempos idos
e pai a encher as folhagens
de todos os tipos de ventos
e de ventanias
e de vendavais
e de temporais
e não para nunca mais
e fico cá do meu canto
a observar o velho lá
curvado
com as corcundas nas costas
e as corcovas no cangote
e a cacunda de cupin no cacaio
e tento tomar a pena do pai
e fala pera aí
e largo
e volto
ao meu recanto entretido
com um
velho celular que
trava mais que as juntas
enferrujadas do velho
quando entravam
mas
é o único passatempo que encontro
a
rever filmes
e desenhos
e seriados antigos como
as coisas da idade da pedra
e da pré-história que
o pai tenta legar
à pós-história
nas ramagens amarelas que
encontra pelos recintos dos aposentos
de
aposentado daqui do pequeno
apartamento
que mais parece
um barracão de favela
onde
a gente espera a morte
para zombar da cara dela
e navegar por mares
nunca dantes
navegados
numa velha caravelas
ou nave dos argonautas
ou nau catarineta
mas não somos
marinheiros
nem mestres de saveiros
e a água aqui é água de chuva
de goteira do banheiro
e sempre ao deus dará que
não temos dinheiro
BH, 070202022; Publicado: BH, 0100102023.
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