a uivar para a lua
e de longe os ventos
respondem
e as folhagens
e os gravetos
que gravam nos ciscos que
são sonetos
e
os riachos sorisos de rios que riem
e os
regatos miam em ré
e os ribeirões
sombrios
e os açudes sossegados mansos
e
os espelhados caminhos prateados
e a
noite segue inerte para quem não a
conhece
mas vibra para quem é de fibra
tem cordas
de violinos cavaquinhos violas
ou violões
e poetas vilões roubam riquezas da noite
e engravidam a madrugada que dá à luz
ao dia
na estrada
e vampiro o poeta foge para o
esconderijo
e rijo dorme teso como se
fosse morto
cadáver roto que ninguém
quer encontrar
em nenhuma encruzilhada
para
encomendar
ou rezar uma missa de
corpo ausente
ou fazer uma oração
ou uma
prece pueril que seja para que
o defunto
não peleja nas brenhas por onde
tem que
andar a catar grãos de poeiras para
fazer picumãs
e forrar os forros
e os
assoalhos das casas velhas
e tudo é
velho quando o poeta é velho
e por mais
que façam uma boa maquiagem
o presunto
parecerá vencido
e com jeito de carne estragada
BH, 0100802022; Publicado: BH, 040102023.
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