ou talvez
aos resquícios
e só sei que não vivo
e a
engabelar meio mundo
ou ao mundo inteiro
fujo da morte mesmo
sem dinheiro
e sem
sorte dou um corte no azar como um
bom
driblador
e cada dia para mim é um gol
e
cada noite uma goleada
e cada madrugada
uma vitória expressiva
e acordo campeão
do mundo
e artilheiro
e levanto as taças
e os canecos
e os troféus
e finjo que
não sou trouxa
e nem bobo
ou tolo
ou
besta
e ainda saio por aí a escrever
para ganhar
o prêmio nobel de literatura
a quem quiser
me oferecer pode ser o
poeta que foi
despejado
e agora mora
debaixo duma marquise
ou pode ser o
rebelde que não aceita a
sociedade
e
constrói refúgio debaixo do viaduto
ou
abre uma caverna numa lacuna imunda
ou
uma loca que mais parece uma cloaca
ou
ofertar de remendos em remendos
aos
felizes
e de mímicas em mímicas macaco
imito os mitos
e faquir não merendo
todo dia
e janto noite sim
e noite não
e
almoço quando o santo lembra de mim
mendigo
e me diga aonde vou
e me diz
algo ao meu coração
se amiga não tenho
e
amigo não sou
e nem sei donde venho mas
a paz me habita
quando jaz em mim a
infelicidade
e mesmo que momentânea
e
jaz em mim a melancolia
e vem a euforia
da alegria pode até ser o
álcool na veia
não importa vou abrir a porta
e deixar a
tristeza ir embora
e viver sem peso na
consciência
e viver sem sentimento de
culpa
e viver sem remorso
e viver sem
consciência pesada
e viver sem
arrependimentos de alma penada
BH, 01301202022; Publicado: BH, 0130102023.
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