Que vergonha mais descarada
Velho decrépito senil a querer
Fazer poesias caquético velho
De fraldão não de fardão a
Querer com mãos trêmulas de
Bêbado rabiscar poemas no
Papel que vergonha mais
Sem-vergonha velho sem pudibundo
Caduco que teve a vida toda
Para emplacar como poeta
Teve a adolescência a juventude
A liberdade a independência
Teve a fase adulta como
Pária uma parasita inveterada
Não produziu nada vagabundo
A depender de todos para ouvir
Enxergar a depender de tudo
Quer teimar no pesadelo de
Poeta as poesias são para a
Genialidade dos jovens os poemas
São companheiros das mocidades
Não aos velhos aos anciãos aos idosos
Que inda têm a esperança nas
Poesias nos poemas os cantos
Não os cantos dos cânticos os cantos
Dos asilos dos albergues dos quartos
De fundo das igrejas os cantos dos
Corredores dos esquecimentos longe
Das memórias dos deslumbramentos
Acabar essa vergonha de velhos
Poetas caducos a teimar em querer
Louros em querer laurear nas trevas
Uma rima impossível cisma de loucos
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