Réquiem de quantos poemas perdi na vida?
Infinitos marcha fúnebre quantas poesias
Joguei fora dentro de mim? eternas
Quantas odes deixei de cantar? elegias
Que deixei de chorar? incontáveis
Pelas estradas do meu destino abandonei
Universos de letras mundos de palavras
Não choquei no meu ninho as sentenças
As frases prediletas dos deuses esqueci
Nos caminhos por onde andei períodos
Imortais orações sagradas profanas
Por estas imperdoáveis falhas fatais a cada
Milênio empobreço-me como um mendigo
Meu espírito envelheceu não foi
Aceito nas modernas academias de ginásticas
Meu espírito foi banido para as bibliotecas
Exilado para as academias acadêmicas
Para os depósitos de livros velhos de literaturas
Quinhentistas minh'alma foi enxotada
Para porões de museus sótãos de pinacotecas
Antigas jardins repletos de esculturas de
Michelangelo Buonarroti que tortura
Agora para passar para esta folha de mármore
De Carrara estas combalidas linhas pagãs
Que pecado mortal cometo ao moldar
Neste bronze frio estes pensamentos pobres
Do classicismo que imortalizou Auguste Rodin
Abortei todos os meus filhos em clínicas
Clandestinas pois não soube ser uma mãe
Igual a minha que teve a sabedoria
De consagrar os seus cego escuro me mete
Medo o que não era para acontecer tateio
Furo as mãos nos espinhos perco as unhas
Ao tentar escalar os rochedos esfolo as
Solas dos pés nos escolhos dos abismos do
Sangue desta hemorragia colori a paisagem
Mórbida que a fresta da janela faz projetar
Nas paredes dos hospícios uno-me aos
Loucos renegados num coral bizarro
Entoar este réquiem pelos corredores da trevas
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