Agora é chegar de marola
Malandro não tem mais vez
Nem mais hora ai de quem
Perder o trem que vem
Chora o leite derramado
Pior é na África negra
Continente tantas vezes desolado
Agora muito mais ainda
Por epidemias surtos de doenças
Agora é tarde amanhã a morte
Chega morrem crianças homens
Mulheres velhos animais
O céu deixará de ser azul
A natureza deixará de ser verde
A terra não sangrará mais
O leite o mel azedarão
É o susto denso do chumbo
A poeira do pó da pólvora
A cinza metálica da treva
O fio frio da geada da navalha
O mesmo corte que rasga o véu
A nesga negra que nos cega
Perdemos o talho do atalho depois
Nunca mais nos encontraremos
Somos grandes no átomo somos
Átomos no universo nem estes
Versos nos engrandecerão sabemos
Nada fazemos para crescer juntos
De acordo com o acorde certo
Nunca acordaremos antes da morte
Nunca acordaremos vivos senhores
Nunca deixaremos de ser mortos
O nosso sono é eterno
O dia não amanhecerá para nós
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