terça-feira, 26 de março de 2019

Mário Quintana, O homem do botão; BH, 030202011.

Quando esta velha nave espacial do mundo for um dia a pique
Não haverá iceberg nenhum que a explique... apenas
Um de nós em desespero
 - Como que se livra de terrível dor de cabeça
Com uma bala rápida no ouvido -
Vai apertar primeiro o botão:
Clic!
Tão simples... e os mais espertos venderão,
A preços populares, arquibancadas na Lua
Ou caríssimos camarotes de luxo
Para que possam todos assistir à nossa ÚLTIMA FUNÇÃO.
O perigo
É que a arquibancada desabe
Ou que a própria Lua venha a cair no caldeirão fervente
Enquanto isso, Deus, que afinal é clemente,
Põe-se a cogitar na criação, em outro mundo,
De uma nova humanidade
 - Sem livre arbítrio -
Principalmente sem livre arbítrio...
Mas com esse puro instinto animal
Que o homem do botão atribuía apenas às espécies inferiores.

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