terça-feira, 26 de março de 2019

Mário Quintana, Estou sentado; BH, 050202011.

Para Athos Damasceno Ferreira

Estou sentado sobre a minha mala
No velho bergantim desmantelado...
Quanto tempo, meu Deus, malbaratado
em tanta inútil, misteriosa escala!

Joguei a minha bússola quebrada
Às águas fundas...E afinal sem norte,
Como o velho Sindbad de alma cansada
Eu nada mais desejo, nem a morte...

Delícia de ficar deitado ao fundo
Do barco, a vos olhar, velas paradas!
Se em toda parte é sempre o Fim do Mundo...

Para que partir? Sempre se chega, enfim...
Para que seguir empós das alvoradas
Se, por si mesmas, elas vêm a mim?

Nenhum comentário:

Postar um comentário