segunda-feira, 25 de março de 2019

Dar a cor de bronze; BH, 060601999; Publicado; BH, 050102013.

Dar a cor de bronze
Aos músculos do meu corpo
Abronzear minha pele
Com o calor da luz do sol
Escudar-me com broquel
Proteger-me do mal
Defender-me do inimigo
Abroquelar-me daqueles
Que querem me levar ao buraco
Pois ao entardecer
Com o escurecer da chegada da noite
Torno-me muito triste
Começo a abrumar-me
Encher-me de bruma
Meu pranto abrupto inesperado
Meu espírito se torna escarpado
Abrutalhado em desespero
Olho para o meu lado
Não vejo a tua imagem
Transformo-me com modos brutais
Arruíno-me com gestos grosseiros
Coisas que não são de mim
Abrutalho-me ao absceder
Ao criar abscessos na alma
Ao supurar meu ser
Toda a acumulação do pus da maldade
Está numa cavidade de terra
Construída pela própria infelicidade
Produção de cadáveres
Transformados em líquidos
Entre tecidos compactos
Em consequência da tua ausência
A inflamação purulenta que me delimitou
O abscesso latejou madrugada adentro
Meu uivo de animal ferido
Não te trouxe ao meu lado
Tracei na minha loucura
Uma das coordenadas que determina
A posição de um ponto no plano
A abscissa espacial infinita
De olhos fechados perdi-te de vista
Virei adubo humano
Num sistema de exploração agrícola
Entre um intermediário
O agricultor proprietário da terra
Terra que tragou meu corpo frio

Nenhum comentário:

Postar um comentário