Sou uma árvore europeia
Da família das abietíneas
Uma espécie de pinheiro
A dizer melhor
Sou um abeto
Sou uma mata
Ou um bosque
Sou uma floresta
Uma flor
Uma rosa
Um capim
Sou um ser abexim
Nasci na abissínia,
Perto dum rio sereno
Onde tinha um abicadouro
Um local onde as embarcações abicavam
Via chegar
Canoas barcos de todo lugar
Ia abicar igual
Chegavam ancoravam aportavam
As aves aproximavam
Em bater de asas alegres
Com seus cantos maviosos
Hoje longe abichornado
Aborrecido de tristeza
Aniquilado pela distância
Acovardado pela falta de coragem
Que não me deixa voltar
Envergonhado por tudo ter perdido lá
Não ter ganhado nada aqui
Abichornar-me se não me transformar
Num punhado de terra firme
Sentir minhas raízes
Sentir meus abieiros
Sentir minhas abietes
Abiscoitar todos os frutos
Surrupiar feito menino ladrão
Conseguir por sorte ou sem sorte
Ou favoritismo peralta
Sou uma árvore do Peru
Da família das sapotáceas
Sonhar com todas as árvores
Até com consistência de biscoito
Acordar do meu sonho infantil
Sem cair no dia abismal
Que se abre à minha frente
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