domingo, 17 de março de 2019

Pedro Homem de Mello, Não choreis os mortos; BH, 020102011.

Não choreis nunca os mortos esquecidos
No fundo da escuridão das sepulturas.
Deixai crescer, à solta, as ervas duras
Sobre os seus corpos vãos adormecidos.

E, quando à tarde, o Sol, entre braseiros,
Agonizar... guardai, longe, as doçuras
Das vossas orações, calmas e puras,
Para os que vivem nudos e vencidos.

Lembraí-vos dos aflitos, dos cativos,
Da multidão sem fim dos que são vivos,
Dos tristes que não podem esquecer.

E, ao meditar, então, na paz da Morte,
Vereis, talvez, como é suave a sorte
Daqueles que deixaram de sofrer.

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