Vivo a pedir sobrevivência depois reclamo
De mim de todos por ter pedido mais
Uns dias de vida amaldiçoo blasfemo
Ranjo os dentes mas não era isso o que
Queria? não era meu gran finale?
Ou no meio da jornada quererei desistir?
Não me pergunteis nada por favor
Fiqueis quietos aí nos vossos cantos não
Gosto que me façais perguntas difíceis
Pergunteis-me o óbvio cobreis de mim
O que posso pagar não o que devo a vós
Reconheço que pedi sobrevivência
Pedi clemência afinal pedir não é
Vergonha dizem que vergonha é roubar
Não poder carregar não carrego
Nada a não ser o meu vazio o meu
Rosto sombrio é muito para mim
Não posso carregar outros sobreviventes
Tenho que abandonar os feridos nas estradas
Não tenho água só nas veias não tenho mantimentos
Queríeis o que de quem não carrega alforje
Queríeis o que de quem não é nem quem
Não tem algibeira também estou soterrado
Minha ruína ruiu abaixo do alicerce
Não se pode construir mais nada nas minhas
Costas encostas do meu corpo não se
Aproveita nem a sombra vivo a pedir a perder
De tudo a todos quem entende o que
Peço? as almas não estão nos cemitérios
Nem os santos nas esquinas ou nas encruzilhadas
Passei a noite toda aqui só vi as putas o
Comércio carnal das travestis sobreviventes
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