quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

"Originais", RJ/1980, Não mexas com a minha vida.

Não mexas com a minha vida
Que é para não te perderes
Do jeito que me perdi
Não mexas com a minha morte
Que é para não te arrependeres
Do jeito que me arrependi
Abruptamente aqui chegastes
E nem te conhecia
E fui te envolver em meus braços
E possuir teu regaço
E pensei que fosses sumir na poeira
Seguir no caminho o destino do vento
E ficastes deitada na esteira
A esperar de boca aberta o meu sustento
Menina levanta desse chão
Não padeças por homem tão vil
E nem magoes tão leve coração
Não sujas com essa imagem
Teu claro olhar de anil
Peço com milhões de favores
Fostes uma dos meus amores
Mas não mexas nessa vida de dissabores
Deixa-a enterrada sem louvores
Chegastes a te alucinar
Por alma tão perdida
Não vês que essa alma vaga no inferno
Tão humilhada e arrependida
Não mexas com o meu passado
Chega de ser atormentado
Volta para teu lugar
Não sou mais digno de amar
Perdi desde muito tempo
Alma e vida e espírito e razão
Meu peito já fechou a cavidade
Sangue já não jorra em meu coração
Maldito seja eu entre os homens
Bendito seja o homem que mata a tua fome
Com o fruto do teu amor
Menina sejas valente
Sigas avante e para a frente
Não queiras mais fazer o que tentastes
Perder-te com quem nunca amou.

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