Sossega, minha Dor, e não te aflijas mais.
Queres o Anoitecer; ei-lo que vem chegando:
Na cidade se espalha uma sombra tenaz,
A alguns trazendo a paz, a outros a dor levando.
Enquanto a multidão grosseira dos mortais,
Aos golpes do Prazer, torturador nefando,
Vai colhendo remorso em festas, bacanais,
Vem aqui, minha Dor e, a tua mão me dando,
Foge deles. E vê, nas nuvens debruçadas,
Os Dias de outro tempo, em trajes antiquados;
A Saudade, sorrindo, erguer-se d'água, além;
Num arco, se abrigando, o Sol que está morrendo,
E, mortalha, sem fim, que do Oriente nos vem,
Repara, meu amor, na Noite aparecendo.
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