Se considerarmos tudo o que até agora foi venerado sob o nome
De "espírito sobre-humano", de "gênio", chegamos à triste conclusão
Que, em seu conjunto, a intelectualidade humana deve ter sido
Qualquer coisa de muito baixo e pobre; tão pouco espírito era preciso
Até agora para se sentir consideravelmente superior a ela!
O que é a glória fácil do "gênio"!
Com que rapidez seu trono foi erguido!
Sua adoração se tornou costume!
Sempre adoramos de joelhos a força - segundo o velho hábito dos escravos
- E, no entanto, quando se trata de determinar o grau de venerabilidade, só
O grau de razão na força é determinante: é necessário avaliar em que medida a
Força foi ultrapassada por qualquer coisa de superior, à qual obedece desde
Então como instrumento e como meio!
Mas para tais avaliações não há ainda olhos suficientes, chega-se até mesmo
A considerar como sacrilégio a avaliação do gênio.
Assim, o que há de mais belo se passa talvez sempre na obscuridade e, apenas
Nascido, desmorona na noite eterna - refiro-me ao espetáculo da força que um
Gênio aplica, não em obras, mas para o desenvolvimento de si mesmo como
Obra, isto é, para o domínio de si, para a purificação de sua imaginação, para
A ordenação e a escolha nas inspirações e nas tarefas que sobrevêm.
O grande homem se mantém sempre invisível como uma estrela distante, no que
Há de maior, que exige admiração: sua vitória sobre a força fica sem testemunhas
E, por conseguinte, também sem ser glorificado e cantado.
A hierarquia na grandeza não foi ainda estabelecida para toda a humanidade passada.
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