E na minha alienação sou uma anulação
E um ser quimérico e efêmero e tênue e
Sou uma doente utopia e na doença não
Tenho amor próprio e orgulho e honra e
Não posso amar ao próximo como a mim
Mesmo pois não acredito em mim nem eu
E só sei me anular e me apertar feito um
Anel em meu dedo referente e em forma e
Que se usa por enfeite da mão humana e
Entre o médio e o mínimo e me tornei
Nulo e só soube me invalidar e me reduzir
A nada e me aniquilar e me destruir e me
Incapacitar para tudo na vida e de espírito
Anulatório e que tem força só para me
Anular pela mente demente anulável e que
Se pode sem poder e preta minh'alma negra
É um anum sem cauda e sem asas de ave do
Breu da família dos cuculidaes e não sou uma
Anunciação e nem nada tenho para anunciar
E nem recebi a mensagem do arcanjo Gabriel
E nem sou a Virgem Maria para receber o
Mistério da encarnação e nem sei o dia em
Que a igreja comemora esse mistério e nem
Tenho nada para comemorar a não ser o
Dia que voltar ao pó da poeira da estrada.
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