E não tenho o antropônimo
E nem tenho o nome próprio ou o próprio
Sobrenome de pessoa e sou só um antropopiteco
Dum gênero hipotético intermediário entre
O pior homem eu e o pior macaco e se fosse
Um vegetal da espécie antúrio do nome comum
Das várias plantas ornamentais da família
Das araceas e sou um anu ou um anum preto
Ou um assum preto mas não sou anual e não
Dou sangue o ano todo e nem tenho energia
Para a vida que não dura um ano e nem o
Que se faz e nem o que se repete e nem o que
Acontece pelo menos uma vez no ano e sou
Só diário e cotidiano e rotineiro e repetitivo
E não tenho nem o breviário anuário ou
Publicação anual de todas as festas e de todos
Os dias acontecidos comigo e tenho cá as
Minhas anuências e sei que tenho que anuir
E estar de acordo com tudo e com todo tipo
De azul que o firmamento anuncia e até
Concordar com esta sociedade de loucos e
Aprovar as ações da burguesia e da elite
Eternas inimigas dos lúcidos e pagar com o
Meu sangue e com o meu suor e com os meus
Impostos a anuidade que sustenta as mordomias
E os luxos e as luxúrias das classes dominantes
E a quantia que pago anualmente os abastados
Gastam em um único dia numa hemorragia
De dinheiro e numa diarreia custosa sem fim.
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