Lua e há milênios me olhas daí
E nunca te agradei,
Nunca estive num dos teus
Quartos e nas noites que mais
Gostas de aparecer, é quando
És nova; mas apareces para
Mim em todas as noites que
Podes aparecer; e não adoro,
Não agradeço e nem agrado;
Sou um ingrato magoado; e
Imperturbável, embelezas minhas
Noites, mesmo sem merecer,
A tua face que nesta noite então,
Está inconfundível; não é
Coroa de prata, é cara de
Ouro branco, é tesouro que não
Se pode calcular; é este meu
Luar aqui do meu quintal,
Por entre os galhos das folhas
Do pé de framboesa; pairas rainha
Minha com desejo de mulher e
Já amada por tantos homens
Poetas reis e mendigos e fico
Com ciúme por não seres só
Minha, por não estares só na
Minha cabeça, sempre nua
Lua como sempre, mesmo
Quando estou bêbedo largado
No olho da rua; nunca me
Dizes nunca; nunca me dizes
Não; anciã, senhora, moça,
Menina, mulher; qual o poeta
Que não quer fazer mais bonito,
Ser o maior na disputa de
Um beijo apaixonado?
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