Tu e a tua solidão
Enchem-me de melancolia; tu
E a tua solidão; e quando
Vou aos lugares mais inacessíveis,
Vejo-te juntamente, com tuas
Companhias fieis: a melancolia
E a solidão; e quero compartilhar
Teu mundo, viver tua vida e
Entender teu discernimento,
Mas qual, tu não deixas, tu não
Aceitas, outro prisioneiro na tua
Cela, na tua caverna; morreremos
Nestes grilhões, e não teremos
Salvação, por mais que eles gritem
Glórias e aleluias, nós sabemos que
Não teremos salvação; nem sequer
Conheceremos a felicidade em vida
E temos a certeza que nem na morte;
Esta é a nossa sorte, nosso destino
Lançado; como posso viver? me
Explica; estou preso junto a ti; neste
Calabouço; estamos acorrentados
Neste lajedo; tu só procuras as
Trevas, as umidades dos quartos
De fundo; também, estou aí contigo
E sou tua sombra nas sombras;
Tu me abraças, recostas a cabeça
No meu peito, e pareces querer ouvir
Meu coração; mas meus lamentos são
Mudos, são os esquecimentos; são tu e
Tua solidão de corredores de sanatórios; tu
E tua tristeza de tardes de manicômios; tu
E tua melancolia de cérebros em formol; em Teus sons inaudíveis estão o ais de minha dor.
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