sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

E estou acabelado nas ventas e nos ventos; BH, 0401101999; Publicado: BH, 060102012.

E estou acabelado nas ventas e nos ventos,
Com cria de cabelo na cara toda aos açoites;
Deixarei tudo acabelar, e encabelar-se o rosto
E com o tempo estou a ficar careca mesmo,
Com a calvicie aos elísios, os pelos a caírem
E a crescerem embaixo; não sou mais aquele
Boi, que se deixa acabramar; querer ligar com
Cordas os meus chifres aos meus pés, para
Tornar-me inofensivo, não dará mais certo;
Nem se o acabramo, a corda de acabramar,
For feita de aço; e com um uivo de acaburro,
Um grito de jaburro, vou me libertar; não vão
Mais me ver com aquele andar acabrunhante;
Agora estou libertado e forte; comi muito
Acaça, muita mistura de farinha de milho e
Arroz; e sinto todo o meu ser, açacalado e
Limpo, polido pela luz do sol, brunido pelas
Águas do mar; e luzente e reluzente igual as
Estrelas, e brilhante e resplandecente igual ao
Luar, lanço velas do meu navio ao vento solar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário